O poder sexual como ferramenta de
libertação
Especial para o Humanitas
Texto extraído de www.thomasdetoledo.blogspot.com.br
Thomas Henrique de Toledo Stella é
professor e historiador. Mora em São Paulo/SP
Todos sabem que vivemos em um
mundo doente, mas muito poucos conseguem identificar que a causa desta doença
está na forma como as religiões monoteístas e o capitalismo ensinaram as
pessoas a lidarem com o sexo e a sexualidade.
A energia sexual é a força mais
poderosa que o ser humano possui e ela é a responsável por toda a vida
existente no planeta. Aqueles que aprendem a utilizar esta energia são bem sucedidos,
resolvidos consigo mesmo, por que aprenderam a lidar com o próprio poder
pessoal.
Diferente do que ensinam, o poder
não corrompe, o que corrompe é exatamente a falta de poder, que leva as pessoas
a criarem barreiras, mecanismo de autodefesa e muralhas sentimentais para
esconder os traumas vividos na infância e na adolescência. Esta falta de
empoderamento pessoal torna as pessoas vulneráveis e guiadas para seguirem o
que consciências externas lhe ordenam, objetivando tornarem-nas funcionais aos
interesses religiosos e econômicos.
As religiões monoteístas
(judaísmo, cristianismo e islamismo) consideram o sexo como uma depravação e,
visando impor o patriarcado, reprimiram brutalmente a sexualidade feminina. O
patriarcado tem um sentido histórico claro: a manutenção da propriedade privada
dos meios de produção sob o controle masculino. Com isto, não apenas as
mulheres foram proibidas de tomar contato com seu poder sexual, como o homem
foi obrigado a reprimir qualquer vestígio de sua energia feminina. Energias
masculina e feminina não se resumem à sexualidade.
Homens e mulheres possuem seus
lados femininos e masculinos, mas ambos são obrigados por fatores culturais a
serem masculinizados e se relacionarem de forma prática, objetiva e agressiva.
Ou seja, de forma masculina.
Assim, da repressão sexual
religiosa, desponta-se o outro extremo da alienação sexual, que é a pornografia
e o sexo mecânico, vulgar, baseado unicamente no visual e no objetivo final da
ejaculação.
A pornografia encontra no funk
sua reificação: o sexo é praticado de forma automática, como se fosse realizado
na linha de produção de uma fábrica, no típico estilo de “Tempos Modernos”.
Ou seja, como tudo o que o
capitalismo produz, o sexo é transformado em mercadoria na qual a mulher é
simplesmente um objeto a ser perseguido para satisfazer os níveis mais básicos
de prazer.
Há níveis muito mais elevados de
se trabalhar de forma expansiva a energia sexual, que não se resumem ao roteiro
hollywoodiano de sedução-conquista-penetração-gozo.
A busca pelo orgasmo através do
simples bombeamento do falo é um modelo perverso de limitação do poder pessoal
e de mecanização sexual.
O sexo poderoso e sublimador
precisa de magia e encanto e para isto há muitas ferramentas como o olhar, a
respiração, os toques em diferentes níveis e os distintos graus de contato, em
busca dos pontos de liberação de energia.
Mas para se alcançar este nível
de maturidade, é preciso integrar, independentemente da orientação sexual, as
polaridades masculina e feminina, tanto no homem quanto na mulher, rompendo
padrões de preconceito social e historicamente impostos.
Quando se deixa a dicotomia
repressão sexual x pornografia, redescobre-se o sexo como a fonte de energia
para todas as tarefas práticas e objetivos de vida.
As fantasias e desejos sexuais
estão associadas a traumas e momentos de alegria vividos, pois elas são formas
de se abstrair e sublimar experiências. Quando se pratica o sexo sadio,
consciente e sagrado, tudo isto é compreendido e os obstáculos que prejudicaram
a evolução pessoal passam a ser olhados com compaixão e amor, resultando na
cura.
Deste modo, se integra a
experiência dolorosa à história pessoal de forma respeitosa, compreendendo que
o caminho do guerreiro é de vencer a si mesmo, antes de tudo. Por isto, hoje
compreendo por que o Tantra é chamado de a suprema consciência.
A cura do planeta e de todos os
seres humanos está no reconectar ao caráter sagrado do sexo como ferramenta de
poder pessoal, autoconhecimento e evolução pessoal.
Mas isto exige, acima de tudo,
romper com as crenças arraigadas impostas pela religião e pelo sistema, que
sempre objetivaram tornar os seres humanos cativos a seus projetos de
poder. Libertem-se e deixem fluir o poder da vida! Conheçam os mistérios
milenares do Tantra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário