sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HUMANITAS Nº 55 – JANEIRO/2017 – PÁGINA 5

O poder sexual como ferramenta de libertação

Especial para o Humanitas
Texto extraído de   www.thomasdetoledo.blogspot.com.br
Thomas Henrique de Toledo Stella é professor e  historiador. Mora  em São Paulo/SP

Todos sabem que vivemos em um mundo doente, mas muito poucos conseguem identificar que a causa desta doença está na forma como as religiões monoteístas e o capitalismo ensinaram as pessoas a lidarem com o sexo e a sexualidade.
A energia sexual é a força mais poderosa que o ser humano possui e ela é a responsável por toda a vida existente no planeta. Aqueles que aprendem a utilizar esta energia são bem sucedidos, resolvidos consigo mesmo, por que aprenderam a lidar com o próprio poder pessoal.
Diferente do que ensinam, o poder não corrompe, o que corrompe é exatamente a falta de poder, que leva as pessoas a criarem barreiras, mecanismo de autodefesa e muralhas sentimentais para esconder os traumas vividos na infância e na adolescência. Esta falta de empoderamento pessoal torna as pessoas vulneráveis e guiadas para seguirem o que consciências externas lhe ordenam, objetivando tornarem-nas funcionais aos interesses religiosos e econômicos.
As religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo) consideram o sexo como uma depravação e, visando impor o patriarcado, reprimiram brutalmente a sexualidade feminina. O patriarcado tem um sentido histórico claro: a manutenção da propriedade privada dos meios de produção sob o controle masculino. Com isto, não apenas as mulheres foram proibidas de tomar contato com seu poder sexual, como o homem foi obrigado a reprimir qualquer vestígio de sua energia feminina. Energias masculina e feminina não se resumem à sexualidade.
Homens e mulheres possuem seus lados femininos e masculinos, mas ambos são obrigados por fatores culturais a serem masculinizados e se relacionarem de forma prática, objetiva e agressiva.
Ou seja, de forma masculina.
Assim, da repressão sexual religiosa, desponta-se o outro extremo da alienação sexual, que é a pornografia e o sexo mecânico, vulgar, baseado unicamente no visual e no objetivo final da ejaculação.
A pornografia encontra no funk sua reificação: o sexo é praticado de forma automática, como se fosse realizado na linha de produção de uma fábrica, no típico estilo de “Tempos Modernos”.
Ou seja, como tudo o que o capitalismo produz, o sexo é transformado em mercadoria na qual a mulher é simplesmente um objeto a ser perseguido para satisfazer os níveis mais básicos de prazer.
Há níveis muito mais elevados de se trabalhar de forma expansiva a energia sexual, que não se resumem ao roteiro hollywoodiano de sedução-conquista-penetração-gozo.
A busca pelo orgasmo através do simples bombeamento do falo é um modelo perverso de limitação do poder pessoal e de mecanização sexual.
O sexo poderoso e sublimador precisa de magia e encanto e para isto há muitas ferramentas como o olhar, a respiração, os toques em diferentes níveis e os distintos graus de contato, em busca dos pontos de liberação de energia.
Mas para se alcançar este nível de maturidade, é preciso integrar, independentemente da orientação sexual, as polaridades masculina e feminina, tanto no homem quanto na mulher, rompendo padrões de preconceito social e historicamente impostos.
Quando se deixa a dicotomia repressão sexual x pornografia, redescobre-se o sexo como a fonte de energia para todas as tarefas práticas e objetivos de vida.
As fantasias e desejos sexuais estão associadas a traumas e momentos de alegria vividos, pois elas são formas de se abstrair e sublimar experiências. Quando se pratica o sexo sadio, consciente e sagrado, tudo isto é compreendido e os obstáculos que prejudicaram a evolução pessoal passam a ser olhados com compaixão e amor, resultando na cura.
Deste modo, se integra a experiência dolorosa à história pessoal de forma respeitosa, compreendendo que o caminho do guerreiro é de vencer a si mesmo, antes de tudo. Por isto, hoje compreendo por que o Tantra é chamado de a suprema consciência.
A cura do planeta e de todos os seres humanos está no reconectar ao caráter sagrado do sexo como ferramenta de poder pessoal, autoconhecimento e evolução pessoal.
Mas isto exige, acima de tudo, romper com as crenças arraigadas impostas pela religião e pelo sistema, que sempre objetivaram tornar os seres humanos cativos a seus projetos de poder. Libertem-se e deixem fluir o poder da vida! Conheçam os mistérios milenares do Tantra.

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