Texto publicado no HUMANITAS nº 6 –
Janeiro/2013
Hoje este
livre pensador é quase um desconhecido e sua obra literária
praticamente impossível de se achar.
praticamente impossível de se achar.
Escritor latino-americano, José María
Vargas Vila nasceu em Bogotá, Colômbia, no dia 23 de julho de 1860. Era
visceral e radicalmente contra o Estado e a Igreja, as ditaduras e o fanatismo
religioso e todos os tabus da sociedade. Acérrimo adversário de ditaduras e
tiranias, que combateu com a palavra escrita, ainda muito jovem foi obrigado a
abandonar o solo pátrio, mantendo-se exilado durante o resto de sua longa e
fecunda existência. Seus romances e obras históricas e filosóficas são
panfletos veementes. Foi durante muito tempo o escritor mais lido da América
Latina. Pensador, romancista, jornalista, jamais hipotecou de sua liberdade, e
manteve-a perenemente a serviço de seus ideais, sem incorrer nunca em
claudicação. Combateu arduamente pela causa da liberdade latino-americana. Foi
assessor do presidente venezuelano Crespo; como diplomata, soube resolver com
habilidade um complicado litígio com a Grã-Bretanha e foi cônsul geral das
repúblicas do Equador e Nicarágua. Fundou em Nova York a revista de combate
“Nemesis”, que existiu durante
vinte e cinco anos. Sua obra obteve a mais ampla ressonância e respeito no
mundo Ocidental. Altivo, irredutível, solitário, ateu, vaidoso, Vargas Vila
morreu em Barcelona, Espanha, no ano de 1933. "Os meus
contemporâneos ainda não nasceram”, dizia ele.
O também escritor colombiano Arturo Bolaños Martínez salienta em seu estudo sobre Vargas Vila: “Durante um passeio pela Rambla de Barcelona, entre a algaravia de turistas e pássaros enjaulados, conversando sobre Vargas Vila com o poeta Jesús Lizano, este disse que Vargas foi um colombiano muito conhecido e lido na sua época, E muito desconhecido e pouco lido na atualidade”. O tempo de hoje não lembra ou não quer lembrar a obra deste colombiano possuidor de uma extensa produção literária, com mais de 100 livros publicados, muitos deles em Barcelona.
Bastante lido em sua época na Europa e na América Latina, Vargas Vila teve uma vida itinerante desde o exílio de sua pátria. Morou em Nova York e depois em Paris, Roma, Madri. Hoje é quase um desconhecido e sua obra literária praticamente impossível de se achar. Partilhamos aqui alguma coisa de seus escritos.
Lendo o pouco que temos de Vargas Vila vemos o quanto os dogmáticos têm dificuldade de admitir que “só a dúvida é livre”. O sectário necessita veementemente acreditar em sua fé, em sua verdade absoluta e o que pretende a seguir é tentar dissimulada ou violentamente, impor o que considera “justo” e “verdadeiro”.
Tais indivíduos não se contentam em querer o “paraíso” apenas para si, mas precisam “salvar” os que não comungam das suas ideias e crenças. Eles almejam impor o “seu paraíso”, os seus deuses e ídolos.
Essas pessoas se veem como pastores cuja missão é arrebanhar o máximo de almas possível. Suas retóricas catequéticas têm como método o medo e o argumento maniqueísta. Eles se consideram os “eleitos”, e os que não aderem à sua “igreja” são os a serem “salvos”, os “perdidos” e, no limite, os “condenados”.
Como assinala Vargas: “Aquele que está disposto a sacrificar sua vida por uma ideia, está disposto também a sacrificar a dos outros em homenagem a ela; por isso se pode tão facilmente fazer de um mártir, um verdugo.”
Assim, os mártires do nosso tempo, com suas “guerras justas”, são os soldados da intolerância, da ideologia política que se transmuta em religião. É o despotismo renitente que ressurge, ainda que sob a capa da política racional e da ciência.
Para Vargas Vila, “o grande cúmplice da tirania é o silêncio; não atacar o despotismo é a maneira mais covarde de servi-lo; não denunciá-lo é auxiliá-lo; estar próximo dele sem feri-lo é a maneira mais vil de protegê-lo; e proteger o crime é mil vezes pior que cometê-lo; eis aí a hora em que a palavra é um dever e o silêncio é um crime”. Para ele, o dever do intelectual é romper o silêncio, ainda que sua voz seja abafada pelos poderosos e seus cúmplices de plantão. Em tempos de intolerância, racismo e fundamentalismos, calar é criminoso.
O também escritor colombiano Arturo Bolaños Martínez salienta em seu estudo sobre Vargas Vila: “Durante um passeio pela Rambla de Barcelona, entre a algaravia de turistas e pássaros enjaulados, conversando sobre Vargas Vila com o poeta Jesús Lizano, este disse que Vargas foi um colombiano muito conhecido e lido na sua época, E muito desconhecido e pouco lido na atualidade”. O tempo de hoje não lembra ou não quer lembrar a obra deste colombiano possuidor de uma extensa produção literária, com mais de 100 livros publicados, muitos deles em Barcelona.
Bastante lido em sua época na Europa e na América Latina, Vargas Vila teve uma vida itinerante desde o exílio de sua pátria. Morou em Nova York e depois em Paris, Roma, Madri. Hoje é quase um desconhecido e sua obra literária praticamente impossível de se achar. Partilhamos aqui alguma coisa de seus escritos.
Lendo o pouco que temos de Vargas Vila vemos o quanto os dogmáticos têm dificuldade de admitir que “só a dúvida é livre”. O sectário necessita veementemente acreditar em sua fé, em sua verdade absoluta e o que pretende a seguir é tentar dissimulada ou violentamente, impor o que considera “justo” e “verdadeiro”.
Tais indivíduos não se contentam em querer o “paraíso” apenas para si, mas precisam “salvar” os que não comungam das suas ideias e crenças. Eles almejam impor o “seu paraíso”, os seus deuses e ídolos.
Essas pessoas se veem como pastores cuja missão é arrebanhar o máximo de almas possível. Suas retóricas catequéticas têm como método o medo e o argumento maniqueísta. Eles se consideram os “eleitos”, e os que não aderem à sua “igreja” são os a serem “salvos”, os “perdidos” e, no limite, os “condenados”.
Como assinala Vargas: “Aquele que está disposto a sacrificar sua vida por uma ideia, está disposto também a sacrificar a dos outros em homenagem a ela; por isso se pode tão facilmente fazer de um mártir, um verdugo.”
Assim, os mártires do nosso tempo, com suas “guerras justas”, são os soldados da intolerância, da ideologia política que se transmuta em religião. É o despotismo renitente que ressurge, ainda que sob a capa da política racional e da ciência.
Para Vargas Vila, “o grande cúmplice da tirania é o silêncio; não atacar o despotismo é a maneira mais covarde de servi-lo; não denunciá-lo é auxiliá-lo; estar próximo dele sem feri-lo é a maneira mais vil de protegê-lo; e proteger o crime é mil vezes pior que cometê-lo; eis aí a hora em que a palavra é um dever e o silêncio é um crime”. Para ele, o dever do intelectual é romper o silêncio, ainda que sua voz seja abafada pelos poderosos e seus cúmplices de plantão. Em tempos de intolerância, racismo e fundamentalismos, calar é criminoso.
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PENSAMENTOS DE VARGAS VILA
“Não me venham gritar e fazer gestos de liberdade sacudindo no ar as
vossas correntes; eu não lhes concedo direito de cidadania na urbe do
pensamento”.
“A mulher nua é a mulher armada”.
“Todo aquele que crê é prisioneiro de sua crença. Só o que duvida é livre”.
“Todas as filosofias se ocuparam de inventar sistemas, e todas falharam ao tratar de viver os sistemas inventados”.
“A mulher nua é a mulher armada”.
“Todo aquele que crê é prisioneiro de sua crença. Só o que duvida é livre”.
“Todas as filosofias se ocuparam de inventar sistemas, e todas falharam ao tratar de viver os sistemas inventados”.
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