Texto de Karline da Costa Batista – Estudante Aracati/CE
publicado no HUMANITAS nº 7 – Fevereiro/2013
publicado no HUMANITAS nº 7 – Fevereiro/2013
Costuma-se
alardear que a arte não está a serviço da sociedade, que aquela vive para si e
em função de si, desconectada com tudo aquilo que pulse além das páginas dos
livros. Concede-se da mesma forma a liberdade artística a poetas e a escritores
que, às vezes, nos fazem pagar por quaisquer historietas sem regatear, ainda
mais se o dito cujo estampar o vultoso distintivo de “best seller” - alguns que, francamente, não valem a tinta
que gastaram nos borrões! Adiante...
Se a arte é condor livre, por que instituir regras e formular teses acadêmicas caindo todos na vala comum? Se a vida imita a arte, por que o oposto não procede com a mesma aceitabilidade? Se a arte tem o poder de nos arrebatar do cotidiano, por que ela não poderá nos cravar nas vísceras da realidade?
Divagando assim, recordo-me do jovem aracatiense, segundo-tenente da Marinha de Guerra, que adentrou nos átrios da literatura nacional como se sua missão fosse unicamente provocar a sociedade pelas artimanhas das letras. Seguidor de Zola, Adolfo Caminha aderiu ao naturalismo com real admiração e não por modismo ou ganas de celebridade barata.
Até porque os escândalos saltavam da sua obra e para a sua vida e vice-versa, perfilando cenas cruas, enigmáticas, polêmicas em ataque direto à sociedade que insistia em colocar suas misérias humanas no fundo do pote para representar uma farsa pública. Ao assumir o romance com a esposa de um alferes, Caminha não foge à norma pelo ato, mas sim, pela coragem de trazer à tona a sua escolha, quando o costume era manter tais relacionamentos na clandestinidade. Do mesmo modo, ao assumir um trabalho com inspiração no natural e no comum, ele aposta na ideia da arte como observadora fiel da realidade, intento que cumpriu com êxito pois, “A normalista”, por exemplo, num primeiro momento, repercutirá mais pela denúncia aberta do que pelos valores artísticos presentes.
Entretanto nesse viés, como representante do naturalismo, o mérito desse aracatiense está na ruptura com as escolas antecessoras, conservando a liberdade poética conquistada no Romantismo e adicionando a realidade como elemento novo às letras. Como escritor, seu caráter combativo se insere a uma literatura engajada ora com a escola de Zola ora com nuances referentes à sua vida pessoal, apontando que há um pouco do autor em cada obra: ainda que nada reporte a ele, pois isso já seria uma autobiografia, e isto sim é algo claro.
Daí, resulta a falta de consenso - ou de senso - de alguns críticos modernos ao defenderem a liberdade do autor ao mesmo tempo em que negam a relação entre literatura e realidade. Ou seja, ou é livre ou não é. Do mesmo modo que podemos colher obras da nossa imaginação, podemos e de fato colhemos obras a partir da observação do real. Machado de Assis, Balzac, Voltaire são alguns exemplos de escritores que escreveram adotando esta forma de expressão. Ocorrerá que, mudam-se os focos, permanecem os livros e sem enaltecer ou menosprezar Foucault e Magritte, pois ao leitor não importa se isto é ou não um cachimbo. Isso, definitivamente, não o tornará mais cachimbo ou menos cachimbo.
Se a arte é condor livre, por que instituir regras e formular teses acadêmicas caindo todos na vala comum? Se a vida imita a arte, por que o oposto não procede com a mesma aceitabilidade? Se a arte tem o poder de nos arrebatar do cotidiano, por que ela não poderá nos cravar nas vísceras da realidade?
Divagando assim, recordo-me do jovem aracatiense, segundo-tenente da Marinha de Guerra, que adentrou nos átrios da literatura nacional como se sua missão fosse unicamente provocar a sociedade pelas artimanhas das letras. Seguidor de Zola, Adolfo Caminha aderiu ao naturalismo com real admiração e não por modismo ou ganas de celebridade barata.
Até porque os escândalos saltavam da sua obra e para a sua vida e vice-versa, perfilando cenas cruas, enigmáticas, polêmicas em ataque direto à sociedade que insistia em colocar suas misérias humanas no fundo do pote para representar uma farsa pública. Ao assumir o romance com a esposa de um alferes, Caminha não foge à norma pelo ato, mas sim, pela coragem de trazer à tona a sua escolha, quando o costume era manter tais relacionamentos na clandestinidade. Do mesmo modo, ao assumir um trabalho com inspiração no natural e no comum, ele aposta na ideia da arte como observadora fiel da realidade, intento que cumpriu com êxito pois, “A normalista”, por exemplo, num primeiro momento, repercutirá mais pela denúncia aberta do que pelos valores artísticos presentes.
Entretanto nesse viés, como representante do naturalismo, o mérito desse aracatiense está na ruptura com as escolas antecessoras, conservando a liberdade poética conquistada no Romantismo e adicionando a realidade como elemento novo às letras. Como escritor, seu caráter combativo se insere a uma literatura engajada ora com a escola de Zola ora com nuances referentes à sua vida pessoal, apontando que há um pouco do autor em cada obra: ainda que nada reporte a ele, pois isso já seria uma autobiografia, e isto sim é algo claro.
Daí, resulta a falta de consenso - ou de senso - de alguns críticos modernos ao defenderem a liberdade do autor ao mesmo tempo em que negam a relação entre literatura e realidade. Ou seja, ou é livre ou não é. Do mesmo modo que podemos colher obras da nossa imaginação, podemos e de fato colhemos obras a partir da observação do real. Machado de Assis, Balzac, Voltaire são alguns exemplos de escritores que escreveram adotando esta forma de expressão. Ocorrerá que, mudam-se os focos, permanecem os livros e sem enaltecer ou menosprezar Foucault e Magritte, pois ao leitor não importa se isto é ou não um cachimbo. Isso, definitivamente, não o tornará mais cachimbo ou menos cachimbo.
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