Editorial do HUMANITAS Nº 7 – Fevereiro/2013
Desde dezembro de 2012 que os pernambucanos estão a se
preparar para o Carnaval. A folia está presente na alma do recifense e do
olindense, como se as vidas de todos dependessem dessa louca algazarra que
começa oficialmente (este ano) no sábado, 9 de fevereiro, com o desfile do
maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da
Madrugada, e acaba (ah, quando
acaba!..) na quarta-feira de Cinzas, quando os mais diversos blocos denominados Bacalhau na Vara ainda levam milhares de foliões às ruas para um
último adeus aos reinados de amores fugazes e sonhos passageiros nascidos nesse
período.
O Carnaval do Recife tem história cultural vinda de tempos longínquos. Não temos condições de contar tudo neste restrito espaço. Podemos lembrar os blocos carnavalescos primordiais que marcaram o alvorecer folião na capital pernambucana. Entre eles: Cavalheiros da Época, Cavalheiros de Satanás, Os Filomomos, Nove e Meia do Arraial, Conspiradores Infernais, Fantoches do Recife, em 1880, clubes da burguesia, que abrilhantavam o Carnaval pelas ruas da cidade em cortejos de carros alegóricos. No ano de 1903, Os Filomomos tinha como principal ação carnavalesca críticas mordazes dirigidas aos costumes sociais e políticos de seu tempo. O mote era divertimento, mas que fosse edificante e moralizador, conforme dizia uma das estrofes do seu hino: "Como heróis da gargalhada / Adotamos em geral: / Rir! Folgar! Cantar! Mais nada! / Pra triunfo da Moral!"
A burguesia tentou sempre fazer com que o Carnaval recifense ficasse restrito às elites, mas o passar dos tempos fez a cultura carnavalesca da capital pernambucana ganhar novos rumos. Nasceram os chamados clubes pedestres e populares que, inspirados no decano Caiadores (1886), adotaram por nomenclatura termos evocativos do trabalho, particularmente na sua fração manual, com a qual estavam acostumados a lidar: Vassourinhas (1889), Pás (1890), Lenhadores (1897), Vasculhadores, Espanadores, Abanadores, Empalhadores, Ciscadores, Parteiras de São José, Talhadores em Greve, Mocidade Operária, Lavadeiras e outros. Muitos já extintos. Vassourinhas, Pás, Lenhadores, Lavadeiras de Areias continuam em ação.
E nasceu o frevo. O ritmo veio da troca espontânea entre os despretensiosos e ágeis foliões e as orquestras de metal, geralmente formadas por bandas marciais. Aos poucos foram sendo criadas as marchas carnavalescas. Sempre na rua, sob o delirar dos corpos suados, seguindo-se os dobrados de inspiração militar, polcas, maxixes, quadrilhas e modinhas. Todos esses ritmos foram ganhando novas formas e combinações entre os anos de 1905 e 1915, e deles nasceu o frevo pernambucano, embora a música ainda não fosse assim chamada. E dessa maneira, num crescendo, o Carnaval de Pernambuco alcançou os tempos de hoje. São tempos modernos, mas a sua majestade, o frevo, continua a reinar. O alucinante ritmo, nascido da alma do povo, já é totalmente consagrado como símbolo da identidade cultural pernambucana e Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 5 de dezembro de 2012.
O Carnaval do Recife tem história cultural vinda de tempos longínquos. Não temos condições de contar tudo neste restrito espaço. Podemos lembrar os blocos carnavalescos primordiais que marcaram o alvorecer folião na capital pernambucana. Entre eles: Cavalheiros da Época, Cavalheiros de Satanás, Os Filomomos, Nove e Meia do Arraial, Conspiradores Infernais, Fantoches do Recife, em 1880, clubes da burguesia, que abrilhantavam o Carnaval pelas ruas da cidade em cortejos de carros alegóricos. No ano de 1903, Os Filomomos tinha como principal ação carnavalesca críticas mordazes dirigidas aos costumes sociais e políticos de seu tempo. O mote era divertimento, mas que fosse edificante e moralizador, conforme dizia uma das estrofes do seu hino: "Como heróis da gargalhada / Adotamos em geral: / Rir! Folgar! Cantar! Mais nada! / Pra triunfo da Moral!"
A burguesia tentou sempre fazer com que o Carnaval recifense ficasse restrito às elites, mas o passar dos tempos fez a cultura carnavalesca da capital pernambucana ganhar novos rumos. Nasceram os chamados clubes pedestres e populares que, inspirados no decano Caiadores (1886), adotaram por nomenclatura termos evocativos do trabalho, particularmente na sua fração manual, com a qual estavam acostumados a lidar: Vassourinhas (1889), Pás (1890), Lenhadores (1897), Vasculhadores, Espanadores, Abanadores, Empalhadores, Ciscadores, Parteiras de São José, Talhadores em Greve, Mocidade Operária, Lavadeiras e outros. Muitos já extintos. Vassourinhas, Pás, Lenhadores, Lavadeiras de Areias continuam em ação.
E nasceu o frevo. O ritmo veio da troca espontânea entre os despretensiosos e ágeis foliões e as orquestras de metal, geralmente formadas por bandas marciais. Aos poucos foram sendo criadas as marchas carnavalescas. Sempre na rua, sob o delirar dos corpos suados, seguindo-se os dobrados de inspiração militar, polcas, maxixes, quadrilhas e modinhas. Todos esses ritmos foram ganhando novas formas e combinações entre os anos de 1905 e 1915, e deles nasceu o frevo pernambucano, embora a música ainda não fosse assim chamada. E dessa maneira, num crescendo, o Carnaval de Pernambuco alcançou os tempos de hoje. São tempos modernos, mas a sua majestade, o frevo, continua a reinar. O alucinante ritmo, nascido da alma do povo, já é totalmente consagrado como símbolo da identidade cultural pernambucana e Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 5 de dezembro de 2012.
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