sábado, 15 de fevereiro de 2014

A liberdade da poesia



Texto de Sylvia Motta – Poeta -  Cabo Frio/RJ
 publicado no HUMANITAS nº 5 – Dezembro/2012

Não é a forma, nem as normas, nem o requinte que transformam Palavra em Poesia, mas também não decorrem destas características a sua prisão...
A Poesia, entendida como Arte, é sempre livre! Quem se massacra é o próprio ser que se diz poeta, quando desfeito à vaidade ou à hipocrisia, ou ao simples medo de transcender seus limites. Não obstante, às vezes, pseudos leitores/ouvintes também se destroem como pensadores críticos.  Preconceituosos, ali estancam, não encontrando nenhuma senda à penetração.
Maltrata-se a palavra e a essência quando, particularmente, permite-se a morte dos próprios sonhos ou o assassínio dos sonhos alheios.
Nesses momentos, não houvessem regras a serem cumpridas pela sociedade e estabelecidas pelo Direito, muitos desvarios quedariam impunes. 
Esse mal ocorre em todas as áreas, pois aprisionam-se e desrespeitam-se, para além das palavras, as telas, as violas, os sonhos, as vidas...
Quando se apercebe rejeitada, entrega-se a Palavra à força dos ventos, que lhe carregam as ricas interpretações, depositando-as carinhosamente sob outro olhar. 
Portanto, segue em frente - altiva e verdadeira - e leva consigo a Poesia... porque sendo filha da Palavra - esta imortal - também o é aquela!
A liberdade do Poeta transcende quaisquer regras formais literárias. Ultrapassa até a violência empregada por ditadores que, em determinadas épocas, deflagraram a censura.
Sucumbisse a inspiração poética ao poder dominante, jamais conheceríamos obras tão belas, eloquentes e essenciais, que nos servem de lições até o presente.
Nem a forma, nem as normas e nem o requinte acorrentam a Poesia... é o próprio poeta ou o olhar e a mente de quem o lê que se tornam prisioneiros de si mesmos. 
 Para sentir a liberdade da Poesia é preciso enxergá-la através da alma e escutá-la pelas vias do coração

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