Editorial do HUMANITAS Nº 8 – Março/2013
Uma é feminina. Outra é masculina. Olinda e Recife. Localizadas uma
perto da outra. Antigas rivais. Hoje coladas como irmãs siamesas. Quem visita o
Recife, nunca deixa de perguntar por Olinda. E quem anda pelas ruas de Olinda,
jamais deixa de olhar do Alto da Sé a paisagem da capital pernambucana, “onde
os rios se encontram e dão origem ao oceano Atlântico”.
O sociólogo Gilberto Freyre disse, um dia, que o Recife tem de ser citado assim mesmo: no masculino! Escrevem de forma errada os que põem a cidade no feminino. Quem é recifense é do Recife, nunca de Recife. Vou ao Recife e jamais vou a Recife. Estou no Recife e nunca estou em Recife, pois dos arrecifes originou-se o nome da capital pernambucana. Olinda não! Olinda é uma cidade nua, praieira e sexy para ser admirada como se admira uma mulher, tal como Duarte Coelho Pereira disse, segundo a lenda: “Ó, linda paisagem!”
Nas duas cidades existe uma grande mistura étnica. Negros, brancos, cafuzos, mulatos, louros, ruivos, asiáticos. Ambas têm em comum a multiplicidade cultural e almas guerreiras. Através do Recife e de Olinda, Pernambuco expandiu suas raízes da zona da Mata para o Agreste e daí para o Sertão.
No dia 12 de março de 2013, o Recife completa 476 anos. Dois anos a menos que a sua irmã, Olinda, de acordo com alguns historiadores. Pelo que sabemos, os Arrecifes dos Navios, porto aberto na terra, povoação de pescadores, já existia, como bem faz constar frei Vicente do Salvador, na sua História do Brasil (1500/1627): “(...) esta povoação que se chama do Recife está em oito graus da vila de Olinda, cabeça desta capitania, aonde se vai por mar e por terra (...)”
Pondo de lado esses pormenores históricos, o Recife e Olinda adentram neste século XXI buscando vencer desafios intrínsecos aos de qualquer grande metrópole. Um deles é o de melhorar a qualidade de vida de suas populações, ainda não de todo atendidas pelos gestores públicos. Miséria e desigualdade social, avanços tecnológicos e elitistas andam lado a lado. As duas cidades precisam ser repensadas, e os gestores de ambas devem levar em conta, primordialmente, as necessidades básicas da maioria de seus cidadãos.
A velha Marim dos Caetés, onde Duarte Coelho Pereira maravilhou o olhar e deu vez à construção e governo de uma das mais desenvolvidas capitanias hereditárias, tem premência em novos rumos sociais ligados à maioria dos seus habitantes com melhorias de vida em todos os setores populacionais e não apenas voltadas a uma elite turística e a moradores de alto poder aquisitivo.
O velho Recife, cujo desenvolvimento superou todas as expectativas históricas, tem de lutar contra o capitalismo canibal, hoje retratado nos especuladores imobiliários que, com apoio dos gestores públicos, agridem o ambiente e a arquitetura antiga e deixam de oferecer uma melhor qualidade de vida a maior parte do povo. A pretensão é uma só: levar luxo a grupos localizados no topo da pirâmide social, bem como usufruir financeiramente das terras cidadãs em detrimento dos menos aquinhoados.
As causas coletivas têm de ficar em primeiro plano! Os cidadãos do Recife e de Olinda jamais devem esquecer isso!
O sociólogo Gilberto Freyre disse, um dia, que o Recife tem de ser citado assim mesmo: no masculino! Escrevem de forma errada os que põem a cidade no feminino. Quem é recifense é do Recife, nunca de Recife. Vou ao Recife e jamais vou a Recife. Estou no Recife e nunca estou em Recife, pois dos arrecifes originou-se o nome da capital pernambucana. Olinda não! Olinda é uma cidade nua, praieira e sexy para ser admirada como se admira uma mulher, tal como Duarte Coelho Pereira disse, segundo a lenda: “Ó, linda paisagem!”
Nas duas cidades existe uma grande mistura étnica. Negros, brancos, cafuzos, mulatos, louros, ruivos, asiáticos. Ambas têm em comum a multiplicidade cultural e almas guerreiras. Através do Recife e de Olinda, Pernambuco expandiu suas raízes da zona da Mata para o Agreste e daí para o Sertão.
No dia 12 de março de 2013, o Recife completa 476 anos. Dois anos a menos que a sua irmã, Olinda, de acordo com alguns historiadores. Pelo que sabemos, os Arrecifes dos Navios, porto aberto na terra, povoação de pescadores, já existia, como bem faz constar frei Vicente do Salvador, na sua História do Brasil (1500/1627): “(...) esta povoação que se chama do Recife está em oito graus da vila de Olinda, cabeça desta capitania, aonde se vai por mar e por terra (...)”
Pondo de lado esses pormenores históricos, o Recife e Olinda adentram neste século XXI buscando vencer desafios intrínsecos aos de qualquer grande metrópole. Um deles é o de melhorar a qualidade de vida de suas populações, ainda não de todo atendidas pelos gestores públicos. Miséria e desigualdade social, avanços tecnológicos e elitistas andam lado a lado. As duas cidades precisam ser repensadas, e os gestores de ambas devem levar em conta, primordialmente, as necessidades básicas da maioria de seus cidadãos.
A velha Marim dos Caetés, onde Duarte Coelho Pereira maravilhou o olhar e deu vez à construção e governo de uma das mais desenvolvidas capitanias hereditárias, tem premência em novos rumos sociais ligados à maioria dos seus habitantes com melhorias de vida em todos os setores populacionais e não apenas voltadas a uma elite turística e a moradores de alto poder aquisitivo.
O velho Recife, cujo desenvolvimento superou todas as expectativas históricas, tem de lutar contra o capitalismo canibal, hoje retratado nos especuladores imobiliários que, com apoio dos gestores públicos, agridem o ambiente e a arquitetura antiga e deixam de oferecer uma melhor qualidade de vida a maior parte do povo. A pretensão é uma só: levar luxo a grupos localizados no topo da pirâmide social, bem como usufruir financeiramente das terras cidadãs em detrimento dos menos aquinhoados.
As causas coletivas têm de ficar em primeiro plano! Os cidadãos do Recife e de Olinda jamais devem esquecer isso!
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