Texto de Karline
da Costa Batista – Estudante – Aracati/CE
publicado no
HUMANITAS nº 03 – Outubro/2012
Caminhar pela urbe ou pelo interior do meu
Aracati (*) é se deparar com um dos quadros mais pitorescos. Trata-se de um
costume tão antigo quanto à cidade, no qual se fomenta o convívio social e
familiar, onde cadeiras ão dispostas em círculo na calçada com alegres pessoas
a conversar. Essas rodas, como são chamadas, não têm horário para começar.
Basta ter uma sombra, uma calçada bem localizada e, pronto, é o suficiente para
que as pessoas se acheguem para aqueles dois dedinhos de prosa. Geralmente são
encerradas assim que começa a novela da TV das 20 horas ( mas que na verdade é a
das 21 horas). Porém, contam os mais antigos, que duravam bem mais tarde, antes
da popularização da TV.
De assuntos locais a internacionais. Na roda tem sempre aquele que é bem “antenado”, que traz informação sobre tudo, mas tudo mesmo. Têm os Nelson Rubens da rua: sabem da vida de todo mundo. Há o caladão que só abre a boca uma ou duas vezes, aquele que "passa" - chega, não se senta, comenta algo e vai embora - e o comediante que faz piada a toda hora. O ciclo de vida das rodas varia, dependendo de inúmeros fatores, o mais comum é que uma vez estabelecida uma roda num determinado local, aquele se torne o point de um grupo específico por anos! Há até quem coloque nomes nelas: “Boca Quente”, ‘Aqui Agora”, “Barra Pesada”, “Calçada da Fama” ou dos “Artistas”, “Comitê” (em tempos de política) entre outros mais.
Esse costume é observado em todo o Ceará e nos revela um dado importante. Apesar dos índices crescentes de violência, a permanência dessa prática evidencia que se ainda podemos pôr a cadeira na calçada para papear, este mundo não está tão perdido como imaginamos. Todavia, não se pode negar que a criminalidade tem começado a intimidar muitos moradores que, pouco a pouco, param de frequentá-las ou preferem transferir as rodas de conversa para dentro de casa.
Todavia, para aqueles que tiverem a oportunidade de visitar o interior do Ceará não deixem de caminhar pelas ruas e de desfrutar desse costume local tão simpático. Se achegue, vá pegando uma cadeira e bom papo!
De assuntos locais a internacionais. Na roda tem sempre aquele que é bem “antenado”, que traz informação sobre tudo, mas tudo mesmo. Têm os Nelson Rubens da rua: sabem da vida de todo mundo. Há o caladão que só abre a boca uma ou duas vezes, aquele que "passa" - chega, não se senta, comenta algo e vai embora - e o comediante que faz piada a toda hora. O ciclo de vida das rodas varia, dependendo de inúmeros fatores, o mais comum é que uma vez estabelecida uma roda num determinado local, aquele se torne o point de um grupo específico por anos! Há até quem coloque nomes nelas: “Boca Quente”, ‘Aqui Agora”, “Barra Pesada”, “Calçada da Fama” ou dos “Artistas”, “Comitê” (em tempos de política) entre outros mais.
Esse costume é observado em todo o Ceará e nos revela um dado importante. Apesar dos índices crescentes de violência, a permanência dessa prática evidencia que se ainda podemos pôr a cadeira na calçada para papear, este mundo não está tão perdido como imaginamos. Todavia, não se pode negar que a criminalidade tem começado a intimidar muitos moradores que, pouco a pouco, param de frequentá-las ou preferem transferir as rodas de conversa para dentro de casa.
Todavia, para aqueles que tiverem a oportunidade de visitar o interior do Ceará não deixem de caminhar pelas ruas e de desfrutar desse costume local tão simpático. Se achegue, vá pegando uma cadeira e bom papo!
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(*)Nota
do Editor: Aracati significa (na língua tupi): "terra dos bons
ventos".
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