Texto de Rafael Rocha – Jornalista – Recife
publicado no HUMANITAS nº 01 - Setembro/2012
O aumento
da produtividade agrícola e distribuição de alimentos não são soluções para
acabar com a fome que grassa no mundo. A produtividade deve vir, mas com uma
melhor repartição dos frutos do progresso e com um grande cuidado para não
degradar o solo. Uma das necessidades que ainda hoje não são vistas com agrado
pelos governos é a de pensar naqueles que trabalham a terra nos países pobres.
Durante séculos os países ricos devastaram o meio ambiente, destruindo relações
sociais sem levar em conta a cultura local. Todas as políticas de
desenvolvimento preconizadas estão absolutamente erradas, incluindo o atual
modelo de governo global. Estas idéias são atuais, mas foram lançadas há muitos
anos, precisamente durante a década de 1950, pelo grande humanista social, o
geógrafo, médico e sociólogo Josué de Castro. Resgatar a memória desse
cientista é simplesmente observar o passado, para viver o presente e construir
um futuro melhor para o mundo. Para este mundo que, guiado pelo capitalismo
canibal, caminha para sua total extinção.
O humanista Josué de Castro nunca deixou de mostrar que o modelo capitalista em que vivemos apresenta a imagem de uma sociedade envolta e ligada em torno de valores ideológicos neoliberais. Nessa ligação, o livre comércio, o individualismo, a competitividade provocam um modus vivendi de pensar e criar em torno do capitalismo, tornando-se a sociedade prisioneira de suas próprias contradições. Nascido em Pernambuco, Josué de Castro (1908-1973) foi pioneiro no combate à fome no mundo. Ele representou o Brasil na conferência da FAO em Genebra no ano de 1947, tornando-se presidente deste organismo internacional no período de 1952 a 1956. Escreveu dois livros conhecidos mundialmente e traduzidos em 24 línguas: Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Seus pensamentos humanistas revolucionaram o mundo. Seu nome rompeu fronteiras.
Quando se entendia e se dizia que a fome era um problema natural, que a natureza era responsável pela existência da fome, Josué de Castro afirmou que a fome era e continua sendo uma mazela provocada pelo homem, devido às suas opções de vida, principalmente as opções no campo da economia. Trabalho e educação eram os dois principais fundamentos do humanismo de Josué de Castro, mas tinha de existir segurança alimentar. Ele salientava que “a política no Brasil só se inspira e se aguça para uma espécie de atividade espasmodicamente agitada e intelectualmente produtiva. Não há debates nem lutas por ideias e princípios, mas uma surda e contínua luta por vantagens pessoais e posições”.
O grande humanista foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz. Seu discurso, quando da realização, em Estocolmo, do Conselho Mundial da Paz, em 1954, tornou-se emblemático e ainda continua atual. Esse observou que “a desigualdade social leva à violência. Jamais se alcançará uma paz estável em um mundo dividido entre a abundância e a miséria, entre o luxo e a pobreza, entre o esbanjamento e a fome. É absolutamente necessário acabar com essa tremenda desigualdade social. Infelizmente cada vez mais se alarga o fosso que separa os países ricos dos países pobres, os países denominados desenvolvidos (industrial e tecnicamente) e os países denominados subdesenvolvidos”.
Josué de Castro não se posicionava ideologicamente a favor de nenhuma das correntes políticas da época. Combatia tanto o liberalismo de mercado, quanto o socialismo. Acreditava que o homem devia ser o ponto de referência para reorganizar a sociedade, e não ser o mercado para os produtos como desejavam os capitalistas, ou um instrumento para fazer crescer as forças produtivas sob o poder maior do Estado, como pretendiam os socialistas.
O humanista Josué de Castro nunca deixou de mostrar que o modelo capitalista em que vivemos apresenta a imagem de uma sociedade envolta e ligada em torno de valores ideológicos neoliberais. Nessa ligação, o livre comércio, o individualismo, a competitividade provocam um modus vivendi de pensar e criar em torno do capitalismo, tornando-se a sociedade prisioneira de suas próprias contradições. Nascido em Pernambuco, Josué de Castro (1908-1973) foi pioneiro no combate à fome no mundo. Ele representou o Brasil na conferência da FAO em Genebra no ano de 1947, tornando-se presidente deste organismo internacional no período de 1952 a 1956. Escreveu dois livros conhecidos mundialmente e traduzidos em 24 línguas: Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Seus pensamentos humanistas revolucionaram o mundo. Seu nome rompeu fronteiras.
Quando se entendia e se dizia que a fome era um problema natural, que a natureza era responsável pela existência da fome, Josué de Castro afirmou que a fome era e continua sendo uma mazela provocada pelo homem, devido às suas opções de vida, principalmente as opções no campo da economia. Trabalho e educação eram os dois principais fundamentos do humanismo de Josué de Castro, mas tinha de existir segurança alimentar. Ele salientava que “a política no Brasil só se inspira e se aguça para uma espécie de atividade espasmodicamente agitada e intelectualmente produtiva. Não há debates nem lutas por ideias e princípios, mas uma surda e contínua luta por vantagens pessoais e posições”.
O grande humanista foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz. Seu discurso, quando da realização, em Estocolmo, do Conselho Mundial da Paz, em 1954, tornou-se emblemático e ainda continua atual. Esse observou que “a desigualdade social leva à violência. Jamais se alcançará uma paz estável em um mundo dividido entre a abundância e a miséria, entre o luxo e a pobreza, entre o esbanjamento e a fome. É absolutamente necessário acabar com essa tremenda desigualdade social. Infelizmente cada vez mais se alarga o fosso que separa os países ricos dos países pobres, os países denominados desenvolvidos (industrial e tecnicamente) e os países denominados subdesenvolvidos”.
Josué de Castro não se posicionava ideologicamente a favor de nenhuma das correntes políticas da época. Combatia tanto o liberalismo de mercado, quanto o socialismo. Acreditava que o homem devia ser o ponto de referência para reorganizar a sociedade, e não ser o mercado para os produtos como desejavam os capitalistas, ou um instrumento para fazer crescer as forças produtivas sob o poder maior do Estado, como pretendiam os socialistas.
No caso do
capitalismo ele dizia que a exploração pelo lucro era sua doutrina principal, “o
lucro implica em constantes elevações de preços. E para que esses preços se
mantenham elevados, é necessário que a procura seja maior que a oferta. Dessa
forma, o capitalismo não produz muito. Quando não produz muito aparece o
desemprego. Com o desemprego acontecem as crises. Grande contradição”.
O grande humanista teve seus direitos políticos cassados no dia 9 de abril de 1964 pela ditadura militar imposta ao Brasil. Morreu no exílio, na França, no ano de 1973. Quando da cassação dos seus direitos políticos a ditadura também usou da força para proibir as instituições de ensino de comentar, explanar, divulgar e até mesmo fazer referências sobre este brasileiro que revolucionou a Ciência. Livros de sua autoria foram banidos das bibliotecas brasileiras e declarados malditos.
Os líderes da ditadura militar eram partidários do armamentismo por considerá-lo premissa básica de existência. Eles viam em Josué uma ameaça potencial aos seus interesses de servir à burguesia e na maximização de seus lucros. Hoje, de forma gradual vamos rompendo a perversidade em que os militares o deixaram mergulhado: a ele e às suas obras. Suas ideias continuam atualíssimas. Devemos reconhecer a clarividência mostrada em seus escritos e nas suas lutas para intervir no cruel modelo que incrementaram na humanidade, tornando esse modelo mais humano e menos repleto dos perversos contrastes que se tornam cada vez mais gritantes entre as classes sociais.
O grande humanista teve seus direitos políticos cassados no dia 9 de abril de 1964 pela ditadura militar imposta ao Brasil. Morreu no exílio, na França, no ano de 1973. Quando da cassação dos seus direitos políticos a ditadura também usou da força para proibir as instituições de ensino de comentar, explanar, divulgar e até mesmo fazer referências sobre este brasileiro que revolucionou a Ciência. Livros de sua autoria foram banidos das bibliotecas brasileiras e declarados malditos.
Os líderes da ditadura militar eram partidários do armamentismo por considerá-lo premissa básica de existência. Eles viam em Josué uma ameaça potencial aos seus interesses de servir à burguesia e na maximização de seus lucros. Hoje, de forma gradual vamos rompendo a perversidade em que os militares o deixaram mergulhado: a ele e às suas obras. Suas ideias continuam atualíssimas. Devemos reconhecer a clarividência mostrada em seus escritos e nas suas lutas para intervir no cruel modelo que incrementaram na humanidade, tornando esse modelo mais humano e menos repleto dos perversos contrastes que se tornam cada vez mais gritantes entre as classes sociais.
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