Texto de Genésio Linhares – Professor/MS – Recife/PE
publicado no HUMANITAS Nº 01 – Setembro/2012
publicado no HUMANITAS Nº 01 – Setembro/2012
É um absurdo e um descalabro o que a “máfia
evangélica” vem fazendo no Brasil. Primeiro, o total desrespeito para com a
Constituição Federal. Esta vem sendo rasgada cotidianamente, tanto por este
grupo, cujo deus é o dinheiro, e por outros grupos políticos do Congresso. Isto
só faz com que eu afirme e reafirme que o Brasil é uma republiqueta.
Um país de faz de conta, pois um país sério
não muda de Constituição como se troca de roupa. Costumo dizer que nem
Constituição nós temos. A Carta Magna é uma colcha de retalhos, contudo, é a
que temos. Mas o descalabro é tanto, que mesmo com essa que está aí, não há
nenhum respeito. O pior é que esta máfia já tem o poder político na mão.
Por que o silêncio dos legisladores e da Justiça? No mínimo já se “converteram”
ou colocaram deus no bolso. É bastante inquietante e suspeito esse silêncio
institucional e político.
Outra coisa, nenhuma
igreja paga imposto, o que de “per” si é uma afronta a todos os cidadãos brasileiros pagadores de
impostos. Além disso, essas igrejas podem impor tiranicamente suas ridículas
doutrinas. No entanto, as expressões religiosas afro-brasileiras não podem.
Por quê? O que se
passa nos bastidores do Judiciário, do Executivo e do Congresso brasileiro, em
Brasília? Por que o Estado está dando tanto poder a essa máfia? Com certeza é
mais que uma ditadura. É uma tirania disfarçada, antiética com toda a
sociedade. O que consiste em uma gravíssima contradição. Quem tem conhecimentos
e princípios políticos sabe que nenhuma sociedade civil e política pode ser
erguida sem princípios éticos.
É um contrassenso.
Basta ler “A República” de Platão para saber que o sumo Bem é o
fim, a causa final e razão de ser de qualquer Estado. E o sumo Bem se busca e
se realiza com práticas éticas e virtuosas na vida social e política. É a base
fundamental para se construir um país civilizado e constituído politicamente
com suas instituições públicas e também privadas. A mesma ideia vamos encontrar
em Aristóteles, na obra “A
Política”,
guardando as devidas diferenças entre mestre e discípulo quanto à concepção
filosófica.
Para o peripatético estagirista não é
possível constituir e consolidar politicamente uma cidade-estado, separando
princípios éticos do político. Ambos estão imanentemente imbricados. É a
plataforma mínima para se construir um Estado político e civilizado.
Os mesmos princípios éticos e políticos
encontram guarida em pensadores modernos e contemporâneos. Infelizmente,
caminhamos em uma estrada perigosa, tirânica, antiética e antidemocrática.
Pior ainda, estamos vivenciando uma
história de lavagem cerebral sistemática e institucionalizada com intenções
claras de alienar o nosso povo que já tem mente fraca, devido à péssima
educação e formação que recebe.
O império da unanimidade acéfala vem
ganhando extensos espaços com a conivência silenciosa e indiferente das
eminências pardas que estão no poder.
E ficamos mais indignados ainda porque se
autodenominam ideologicamente de esquerda. Imaginem se não fossem.
A
realidade é que o Congresso Nacional, o Governo Federal, o Judiciário e demais
instituições de toda a nação estão sendo vilipendiados e cooptados sim, por
estes grupos, ditos religiosos, uma máfia que conquistou o poder econômico por
meios escusos, e vem conquistando o poder político por meios não menos
antiéticos e corruptos.
Suas práticas de conquista, de aliciação e
de se impor perante o nosso povo são assustadoras. De certo modo, estamos a
reviver uma Idade Média anacronicamente, porém, digo eu, a repetição histórica
sempre vem com uma versão piorada, mais trágica que a primeira. Lutemos para
evitar essas tiranias, cujo deus é a moeda de troca.
Para esta máfia o dito evangélico verdadeiro é “daí a César o que é
de deus, e a deus o que é de César”. Não o contrário, porque para esta gangue sanguessuga,
deus e César são os mesmos, só os nomes são diferentes, não a semântica.
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