Texto de Genésio Linhares – Professor –
Recife/PE
publicado no HUMANITAS nº 03 - Outubro/2012
publicado no HUMANITAS nº 03 - Outubro/2012
É inerente ao ser humano o espírito inventivo e pensante. Somos Apolo e Dioniso
Comemora-se no dia 15 de outubro o dia do
professor. Deixo aqui algumas palavras em homenagem a todos nós que exercemos
essa atividade profissional com muito esforço e dedicação, em um país que ainda
não vê, nem investe e muito menos reconhece devidamente, tanto a profissão como
o profissional, e nem a própria educação de qualidade para todos. O professor ou o mestre é aquele que
ensina, transmitindo conhecimentos e informações, mas não só. O professor é
aquele que também aprende muito com o seu alunado e troca experiências em salas
de aula. O professor é aquele que é comprometido com o conhecimento e o saber,
e que ama filosoficamente essa busca permanente.
Por isso, o professor é um Dom Quixote de La Mancha de Cervantes dos dias atuais. É o cavaleiro de uma Cruzada quase invencível, com sua lança empunhada, tentando destruir os titânicos moinhos de vento da hodiernidade.
Por isso, o professor é um Dom Quixote de La Mancha de Cervantes dos dias atuais. É o cavaleiro de uma Cruzada quase invencível, com sua lança empunhada, tentando destruir os titânicos moinhos de vento da hodiernidade.
Uma luta muitas vezes inglória, árdua,
anônima e silenciosa, na tentativa missionária, persistente e obstinada de
derrotar seus portentosos inimigos: a ignorância massificada e muitas vezes
petrificada, e o engessamento das mentes hipnotizadas e alienadas, presas em
uma unanimidade bestializada, porque esses moinhos, por mais que tentemos
destruí-los, estão sempre renovando suas forças no espírito da barbárie.
E aí, paramos e refletimos: todo o nosso empenho e dedicação, toda a nossa vida e existência voltada a esta batalha diária está produzindo algum resultado positivo? A cada semestre que terminamos e concluímos uma disciplina, conseguimos plantar alguma semente? Ela irá germinar e dará bons frutos? Ou precisamos acreditar que houve alguma vitória, quando na verdade esse esforço ou conatus pouco ou quase nada produziu? No entanto, como a lamparina de um óleo que nunca se acaba e sua chama de luz sempre permanece acesa, estamos sempre firmes, resolutos e impávidos, renascidos das cinzas como a Fênix, cheios de esperança, prontos a atuar nessa espinhosa e paradoxal prazerosa missão, apesar de as aves de rapina devorarem nossos fígados diariamente, como Prometeu, que amava a humanidade e depositava toda sua fé nela, recobrando, de um dia para outro, a saúde e a integridade de seu corpo, para pagar o seu castigo eterno por ter transmitido (sem arrependimento) o conhecimento e poder do fogo dos deuses aos homens.
Nós, professores, somos um pouco a Fênix, um pouco Prometeu. Teimosos e persistentes em ser e manter acesa essa chama de luz da lamparina.
Luz aparentemente frágil e singela, mas inquebrantável no seu ministério perene, profético por resistir a todas as intempéries e ser farol a guiar e discernir, ao corpo discente, o caminho do conhecimento e da verdade, afastando-se da obscuridade, da ilusão, da aparência enganosa, do Não-ser, como diria Parmênides, filósofo grego da época dos Pré-Socráticos.
Alguém pode nos acusar de estarmos sendo um tanto iluministas ao falarmos assim. É verdade. Somos ocidentais e temos a razão como a nossa luz natural a orientar e dar sentido lógico e coerente a todo o edifício de conhecimentos e saberes que estamos ajudando a construir, a erguer e consolidar, entretanto, sem extremismos, e bem distante de qualquer possibilidade de dogmatismos.
Sabemos que cada ser humano concreto, individual e singular é portador de uma concepção de mundo ímpar, sui generis, autêntico, original e único. Além disso, compreendemos essa luz dentro de uma significação mais ampla. Jamais reducionista à razão natural. Compreendemos o ser humano como um todo. Nesse sentido, essa faculdade é apenas uma das múltiplas potencialidades humanas. A razão é apenas um dos raios dessa luz. Existem outras que devemos despertar, posto que fazem parte da riqueza do espírito humano.
Acreditamos e defendemos que a missão do professor em construir uma civilização elevada, é apresentar e desenvolver essas potencialidades. O ser humano é racionalidade, mas também é intuição e imaginação criadora e criativa.
É inerente ao ser humano o espírito inventivo e pensante não só quando filosofa, mas quando se expressa artisticamente. Somos Apolo e Dioniso, razão e emoção, teoria e pragmatismo, consciência e inconsciência.
Como diria Platão, na alma humana estão presentes os puros instintos, as paixões e a racionalidade. O importante é que cada um descubra como equilibrar essas dimensões. O papel do professor é o de levar o educando a desenvolver essas potencialidades para o bem dele mesmo e para o bem comum. Afastá-lo dos caminhos da violência, da barbárie, do uso do poder tirânico e usar esse poder para o engrandecimento e crescimento de todos os seres humanos a níveis e graus de perfeição (dentro dos limites humanos) de suas potencialidades. E isto só se consegue quando temos um projeto pleno de educação do espírito humano. Infelizmente, estamos muito aquém de, um dia, implantar e concretizar um projeto dessa envergadura. Por enquanto, temos que retornar a nossa dura realidade e conviver dialeticamente com os titânicos moinhos que diariamente nos desafiam, e paradoxalmente nos fortalecem a continuar a ser o que assumimos: professores. Independente de vitórias ou derrotas.
O importante é que não percamos de vista o profissionalismo, a seriedade e a ética nas atitudes, alimentando as virtudes socráticas: a humildade, o reconhecimento e sendo abertos a novos conhecimentos, seguindo o lema: “só sei que nada sei”. Ter a coragem de usar o método maiêutico, que implica em instigar o outro a parir suas próprias ideias. Acreditamos que assim estaremos ajudando a criar e a formar pessoas mais confiantes em si mesmas, capazes de conquistar as suas liberdades como seres humanos e como cidadãos.
E aí, paramos e refletimos: todo o nosso empenho e dedicação, toda a nossa vida e existência voltada a esta batalha diária está produzindo algum resultado positivo? A cada semestre que terminamos e concluímos uma disciplina, conseguimos plantar alguma semente? Ela irá germinar e dará bons frutos? Ou precisamos acreditar que houve alguma vitória, quando na verdade esse esforço ou conatus pouco ou quase nada produziu? No entanto, como a lamparina de um óleo que nunca se acaba e sua chama de luz sempre permanece acesa, estamos sempre firmes, resolutos e impávidos, renascidos das cinzas como a Fênix, cheios de esperança, prontos a atuar nessa espinhosa e paradoxal prazerosa missão, apesar de as aves de rapina devorarem nossos fígados diariamente, como Prometeu, que amava a humanidade e depositava toda sua fé nela, recobrando, de um dia para outro, a saúde e a integridade de seu corpo, para pagar o seu castigo eterno por ter transmitido (sem arrependimento) o conhecimento e poder do fogo dos deuses aos homens.
Nós, professores, somos um pouco a Fênix, um pouco Prometeu. Teimosos e persistentes em ser e manter acesa essa chama de luz da lamparina.
Luz aparentemente frágil e singela, mas inquebrantável no seu ministério perene, profético por resistir a todas as intempéries e ser farol a guiar e discernir, ao corpo discente, o caminho do conhecimento e da verdade, afastando-se da obscuridade, da ilusão, da aparência enganosa, do Não-ser, como diria Parmênides, filósofo grego da época dos Pré-Socráticos.
Alguém pode nos acusar de estarmos sendo um tanto iluministas ao falarmos assim. É verdade. Somos ocidentais e temos a razão como a nossa luz natural a orientar e dar sentido lógico e coerente a todo o edifício de conhecimentos e saberes que estamos ajudando a construir, a erguer e consolidar, entretanto, sem extremismos, e bem distante de qualquer possibilidade de dogmatismos.
Sabemos que cada ser humano concreto, individual e singular é portador de uma concepção de mundo ímpar, sui generis, autêntico, original e único. Além disso, compreendemos essa luz dentro de uma significação mais ampla. Jamais reducionista à razão natural. Compreendemos o ser humano como um todo. Nesse sentido, essa faculdade é apenas uma das múltiplas potencialidades humanas. A razão é apenas um dos raios dessa luz. Existem outras que devemos despertar, posto que fazem parte da riqueza do espírito humano.
Acreditamos e defendemos que a missão do professor em construir uma civilização elevada, é apresentar e desenvolver essas potencialidades. O ser humano é racionalidade, mas também é intuição e imaginação criadora e criativa.
É inerente ao ser humano o espírito inventivo e pensante não só quando filosofa, mas quando se expressa artisticamente. Somos Apolo e Dioniso, razão e emoção, teoria e pragmatismo, consciência e inconsciência.
Como diria Platão, na alma humana estão presentes os puros instintos, as paixões e a racionalidade. O importante é que cada um descubra como equilibrar essas dimensões. O papel do professor é o de levar o educando a desenvolver essas potencialidades para o bem dele mesmo e para o bem comum. Afastá-lo dos caminhos da violência, da barbárie, do uso do poder tirânico e usar esse poder para o engrandecimento e crescimento de todos os seres humanos a níveis e graus de perfeição (dentro dos limites humanos) de suas potencialidades. E isto só se consegue quando temos um projeto pleno de educação do espírito humano. Infelizmente, estamos muito aquém de, um dia, implantar e concretizar um projeto dessa envergadura. Por enquanto, temos que retornar a nossa dura realidade e conviver dialeticamente com os titânicos moinhos que diariamente nos desafiam, e paradoxalmente nos fortalecem a continuar a ser o que assumimos: professores. Independente de vitórias ou derrotas.
O importante é que não percamos de vista o profissionalismo, a seriedade e a ética nas atitudes, alimentando as virtudes socráticas: a humildade, o reconhecimento e sendo abertos a novos conhecimentos, seguindo o lema: “só sei que nada sei”. Ter a coragem de usar o método maiêutico, que implica em instigar o outro a parir suas próprias ideias. Acreditamos que assim estaremos ajudando a criar e a formar pessoas mais confiantes em si mesmas, capazes de conquistar as suas liberdades como seres humanos e como cidadãos.
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