Texto de Antônio Carlos Gomes – Médico – Guarujá/SP
publicado no HUMANITAS nº 7 - Fevereiro/2013
Aristóteles Carneiro de Oliveira, o
Professor Carneiro era considerado um dos maiores eruditos em língua pátria de
seu tempo. Falava um português impecável, sem erros. Era convidado frequente
para mostrar seus conhecimentos e, divulgar seus livros na televisão.
Acabara de escrever o discurso de posse do novo governador. Enfim, era
respeitado e admirado. Era opinião geral que era imbatível em oratória.
No seu passeio matinal, por orientação médica, foi abordado por um senhor humilde. O fato de este falar errado provocou certa aversão e vontade de se desvencilhar do inoportuno acompanhante.
Mas o humilde senhor falava macio e convincente, foi falando... Falando... Por fim, Professor Carneiro chegou à conclusão, que vez ou outra era bom ouvir o falar de gente do povo, poderia usar os exemplos em aulas ou, quem sabe num novo livro.
Severino da Silva, este era o nome do acompanhante, começou a contar sua vida. No seu linguajar popular contou que morava com a mãe demente, a esposa inválida, que sofria da coluna e do coração.
Contou ainda que a situação havia piorado com a prisão do genro, marido da filha e esta foi morar no pequeno barraco com três filhos. Ele faxineiro, ficou tão preocupado, que não conseguia limpar o pátio da empresa como devia e foi mandado embora. Estava sem dinheiro para comer e os netos passando fome, fora os remédios que não conseguia comprar.
O professor além de observar os erros de concordância, se comoveu com a situação:
- E como o senhor irá agir, “seu” Severino?
O homem mostrou dois papéis que trazia embrulhado em um saquinho plástico de supermercado.
- Vou vender o terreno que meu pai me deixou. Ele me dizia que era para o futuro, mas não dá para esperar.
- Deixa-me ver.
Eram dois documentos de cartório, devidamente selados e carimbados: uma escritura e uma transferência de posse. O professor leu-os atentamente. Nenhum erro de acentuação, nenhum erro de Português ou de concordância. Um documento perfeito, portanto válido.
- Quanto o senhor quer pelo terreno, “seu” Severino?
- Vale muito, mas diante da dificuldade por dois mil reais eu entrego.
O banco ficava em frente, atravessaram a rua e fecharam o negócio.
“Seu” Severino saiu apressado contando o dinheiro, ia comprar leite para os netos, dizia ele.
O Professor Aristóteles Carneiro de Oliveira foi para casa muito alegre, com a escritura de seu terreno na Lua.
No seu passeio matinal, por orientação médica, foi abordado por um senhor humilde. O fato de este falar errado provocou certa aversão e vontade de se desvencilhar do inoportuno acompanhante.
Mas o humilde senhor falava macio e convincente, foi falando... Falando... Por fim, Professor Carneiro chegou à conclusão, que vez ou outra era bom ouvir o falar de gente do povo, poderia usar os exemplos em aulas ou, quem sabe num novo livro.
Severino da Silva, este era o nome do acompanhante, começou a contar sua vida. No seu linguajar popular contou que morava com a mãe demente, a esposa inválida, que sofria da coluna e do coração.
Contou ainda que a situação havia piorado com a prisão do genro, marido da filha e esta foi morar no pequeno barraco com três filhos. Ele faxineiro, ficou tão preocupado, que não conseguia limpar o pátio da empresa como devia e foi mandado embora. Estava sem dinheiro para comer e os netos passando fome, fora os remédios que não conseguia comprar.
O professor além de observar os erros de concordância, se comoveu com a situação:
- E como o senhor irá agir, “seu” Severino?
O homem mostrou dois papéis que trazia embrulhado em um saquinho plástico de supermercado.
- Vou vender o terreno que meu pai me deixou. Ele me dizia que era para o futuro, mas não dá para esperar.
- Deixa-me ver.
Eram dois documentos de cartório, devidamente selados e carimbados: uma escritura e uma transferência de posse. O professor leu-os atentamente. Nenhum erro de acentuação, nenhum erro de Português ou de concordância. Um documento perfeito, portanto válido.
- Quanto o senhor quer pelo terreno, “seu” Severino?
- Vale muito, mas diante da dificuldade por dois mil reais eu entrego.
O banco ficava em frente, atravessaram a rua e fecharam o negócio.
“Seu” Severino saiu apressado contando o dinheiro, ia comprar leite para os netos, dizia ele.
O Professor Aristóteles Carneiro de Oliveira foi para casa muito alegre, com a escritura de seu terreno na Lua.
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