quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

REFÚGIO POÉTICO - HUMANITAS Nº 00 - AGOSTO 2012

Poemas publicados na coluna REFÚGIO POÉTICO do jornal HUMANITAS 
Edição de nº 00 - Agosto/2012

MAR ENTRE MONTANHAS
Antônio Carlos Gomes – Médico – Guarujá (SP)

Mar entre montanhas,
Recolhimento,
Pausa, ressonar,
Momento prolongado
Do sonhar.

Mar entre montanhas,
Pensamento,
Poder de caminhar
Movimento coordenado
Do sonhar.

Mar entre montanhas
Sentimento,
A vida procurar
Objetivo lançado
Do sonhar.
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FOLHAS QUE CAEM
Genésio Linhares – Professor Recife (PE)

Folhas caem como lágrimas, oh minha alma errante!
São minutos que passam, é o tempo a consumir
O resto do meu ser, sobras de um existir
Vivenciadas sem mágoas, como um eterno amante;

Folhas caem nesta estrada, marcas de um caminhante
Que amou muitas mulheres, que as fez então florir
Levando-as até o céu, o céu do amor e fruir
Cachoeiras de prazer, gozos em cada instante;

Folhas caem da minh`alma, são lágrimas de adeus
Aos versos já escritos, aos versos que não fiz
Aos meus amados filhos, à mulher tão amada;

Folhas caem de minha árvore; vivi sim como um deus
Amando sempre a essência, contemplando feliz
O eterno em cada ser; deixo o tudo indo ao nada.
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POEMA ABRASILEIRADO

Karline da Costa Batista – Estudante de Letras – Aracati (CE)

Piano à beira do abismo
É niilismo, é niilismo.
Tecla a tecla, ouço um gemido.
Sol ferido, sol ferido.

Tamoio, Tamoio
Me traz um cocar
Maloio, maloio
Carnaúba, caju e cajá.

Vitrola tocando tango
Eu sambo, eu sambo.
Cantilena to be or not to be
Sou mais tupi, sou mais tupi.

Crioulo, crioulo
Me ensina a gingar
Vernáculo, vernáculo
Luso-afro-tupinambá.
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ASSIM VOU CAMINHANDO
Aline da Silva Cerqueira – Historiadora- Itaberaba (BA)


Apesar de tudo isso... Sou forte.  Sinto-me vasta, tão vasta quanto o mundo.
Um rio profundo se faz presente dentro do meu ser. Meu íntimo é uma potência de explosão infinita. Sou dádiva!
Mas os espectros voltaram a rondar e as minhas asas a paralisar, um silêncio me faz lacrimejar. Irresponsável entre o nada e o infinito, começo a buscar um novo alcançar. A explosão não vai acontecer hoje, ainda é cedo ou tarde demais. Faz tanto tempo que espero esse mar acordar, mas só traição é a companheira.
O grito da minha essência é forte. E então? Então calmamente respondo: nasce uma nova esperança, e um dia novo vai chegar.
Vou me livrar e caminhar em direção a um púbere pensar. Acreditar que um mundo de amor passará a existir no meu alto canto e sem medo vou celebrar a vitória que estou a buscar, e que vai nascer da minha teimosia que se põe a resistir.
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SENSÍVEL AOS SONS DO UNIVERSO
Silvia Mota – Poeta- Rio de Janeiro (RJ)

Meu amor é borboleta liberta
que habita o infinito.
Seu voo é a melancolia
e sua essência a saudade.
Não é senão a íris que chora
ou a gota de orvalho que rola.
Convoco o coração ao silêncio,
para ouvir o tilintar das estrelas
e conhecer no mantra que declamo
o poder da minha fé.
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VOLTA DO SONHO
Valdeci Ferraz – Advogado- Caruaru (PE)

Reluz nas cordas da minha viola o sol
Palmas batem palmas pro meu canto
E salto, e pulo, e vibro qual rouxinol
Que canta sem saber do seu encanto.

Conheço cada pedra que encontro
Nesse torrão de deus tão esquecido
Debaixo do juazeiro faço meu ponto
Nos braços da mulher sou um marido.

À noite, no céu tenho as estrelas
O arco-íris faz morada no meu lar
As minhas montanhas são tão belas
Tanto quanto tão bonito é o mar.

O rio é apenas uma estrada sinuosa
Que aponta o caminho, a saída do sertão,
Porém a manhã tão perfumada e formosa
Traz sempre de volta o sonho, e então

Firo as cordas de minha viola amiga
E a minha voz se eleva numa canção
Por mais que me maltrate essa briga
Orgulhoso cantarei a beleza do sertão.
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INVICTUS
William E. Henley
Tradução André Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

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