Poemas publicados na coluna REFÚGIO POÉTICO do
jornal HUMANITAS
Edição de nº 00 - Agosto/2012
MAR ENTRE MONTANHAS
Antônio Carlos Gomes – Médico – Guarujá (SP)
Mar entre montanhas,
Recolhimento,
Pausa, ressonar,
Pausa, ressonar,
Momento prolongado
Do sonhar.
Mar entre montanhas,
Pensamento,
Poder de caminhar
Poder de caminhar
Movimento coordenado
Do sonhar.
Mar entre montanhas
Sentimento,
A vida procurar
A vida procurar
Objetivo lançado
Do sonhar.
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FOLHAS
QUE CAEM
Genésio Linhares – Professor – Recife
(PE)
Folhas caem como lágrimas, oh minha alma
errante!
São minutos que passam, é o tempo a
consumir
O resto do meu ser, sobras de um existir
Vivenciadas sem mágoas, como um eterno
amante;
Folhas caem nesta estrada, marcas de um
caminhante
Que amou muitas mulheres, que as fez então
florir
Levando-as até o céu, o céu do amor e fruir
Cachoeiras de prazer, gozos em cada
instante;
Folhas caem da minh`alma, são lágrimas de
adeus
Aos versos já escritos, aos versos que não
fiz
Aos meus amados filhos, à mulher tão amada;
Folhas caem de minha árvore; vivi sim como
um deus
Amando sempre a essência, contemplando
feliz
O eterno em cada ser; deixo o tudo indo ao
nada.
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POEMA ABRASILEIRADO
Karline da Costa Batista – Estudante de Letras – Aracati (CE)
Piano
à beira do abismo
É
niilismo, é niilismo.
Tecla
a tecla, ouço um gemido.
Sol
ferido, sol ferido.
Tamoio,
Tamoio
Me
traz um cocar
Maloio,
maloio
Carnaúba,
caju e cajá.
Vitrola
tocando tango
Eu sambo, eu sambo.
Cantilena to be or not to be
Sou
mais tupi, sou mais tupi.
Crioulo,
crioulo
Me
ensina a gingar
Vernáculo,
vernáculo
Luso-afro-tupinambá.
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ASSIM VOU CAMINHANDO
Aline da Silva Cerqueira – Historiadora- Itaberaba (BA)
Apesar de tudo isso...
Sou forte. Sinto-me vasta, tão vasta
quanto o mundo.
Um rio profundo se faz
presente dentro do meu ser. Meu íntimo é uma potência de explosão infinita. Sou
dádiva!
Mas os espectros
voltaram a rondar e as minhas asas a paralisar, um silêncio me faz lacrimejar.
Irresponsável entre o nada e o infinito, começo a buscar um novo alcançar. A
explosão não vai acontecer hoje, ainda é cedo ou tarde demais. Faz tanto tempo
que espero esse mar acordar, mas só traição é a companheira.
O grito da minha
essência é forte. E então? Então calmamente respondo: nasce uma nova esperança,
e um dia novo vai chegar.
Vou me livrar e
caminhar em direção a um púbere pensar. Acreditar que um mundo de amor passará
a existir no meu alto canto e sem medo vou celebrar a vitória que estou a
buscar, e que vai nascer da minha teimosia que se põe a resistir.
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SENSÍVEL AOS SONS DO UNIVERSO
Silvia Mota – Poeta-
Rio de Janeiro (RJ)
Meu amor é borboleta
liberta
que habita o infinito.
Seu voo é a melancolia
e sua essência a
saudade.
Não é senão a íris que
chora
ou a gota de orvalho
que rola.
Convoco o coração ao
silêncio,
para ouvir o tilintar
das estrelas
e conhecer no mantra
que declamo
o poder da minha fé.
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VOLTA
DO SONHO
Valdeci Ferraz – Advogado- Caruaru (PE)
Reluz
nas cordas da minha viola o sol
Palmas
batem palmas pro meu canto
E
salto, e pulo, e vibro qual rouxinol
Que
canta sem saber do seu encanto.
Conheço
cada pedra que encontro
Nesse
torrão de deus tão esquecido
Debaixo
do juazeiro faço meu ponto
Nos
braços da mulher sou um marido.
À
noite, no céu tenho as estrelas
O
arco-íris faz morada no meu lar
As
minhas montanhas são tão belas
Tanto
quanto tão bonito é o mar.
O
rio é apenas uma estrada sinuosa
Que
aponta o caminho, a saída do sertão,
Porém
a manhã tão perfumada e formosa
Traz
sempre de volta o sonho, e então
Firo
as cordas de minha viola amiga
E
a minha voz se eleva numa canção
Por
mais que me maltrate essa briga
Orgulhoso
cantarei a beleza do sertão.
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INVICTUS
William E. Henley
Tradução André Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
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