Texto de Manfred
Grellmann – Autodidata – Camaragibe/PE
publicado no HUMANITAS nº
8 – Março/2013
Uma presença constante na sociedade humana
são os símbolos ou logotipos. Com um olhar apenas se identifica um produto,
marca, empresa, regulamento, grupo ou associação e até povos e raças. Mas há um
aspecto da sociedade humana, a moderna, que ainda não foi simbolizada conforme
seu caráter típico. Até pela importância, dado ao fato que é algo que toca e
atinge o todo da espécie. Trata-se da degradação e decadência da
espécie humana.
Uma sugestão típica seria representar,
simbolizar este triste estado com uma ex e opulenta poltrona rasgada e atolada
em um sujo e fedorento riacho, com um representante da espécie humana vestindo
um smoking e cartola, nela sentado e sorridente, ladeando a mesma com fraldas
descartáveis, caracterizado de forma pungente e clara. Este símbolo ou
logomarca humana seria usado em qualquer lugar, sinalizado na mídia com os
dizeres: eu, espécie humana, sou um destruidor da minha própria casa! E,
para apurar esta escolha em termos de comunicação, promover um concurso mundial
e escolher a mais representativa imagem.
Se extraterrestres conseguirem entender
nossos sinais, este símbolo deveria ser desenhado em uma planície visível do
espaço, de forma semelhante às linhas de Nazca. Quem chegar, já saberia com que
tipo de gente vai se defrontar. Lixo de meio ambiente, lixo de ser humano, lixo
de comida, lixo de saúde, lixo de política, lixo de honestidade, enfim um
planeta ocupado por lixo. E ainda continuamos discutindo mega projetos cada
vez mais arrogantes com tecnologias mirabolantes e guerras de literal
extermínio, apenas apertando botões. Hiper
super ultra máximo ser humano!! A fina flor da criação universal com cara de
pau, falando em deus! Habitante de um grão de pó do universo, se muito !!
Consumir margarina por causa de uma
paranoia chamada colesterol, trocar açúcar por adoçante artificial,
refrigerantes, enlatados de toda sorte, o endeusamento da soja com seu poder de
desclassificação, antinutrientes e hormônios, leite de vaca que dá sessenta ou
mais litros por dia, coisa impensável para uma ruminante de séculos passados,
fígado recomendado por
médicos às gestantes, quando estão encharcados com níveis elevados de drogas,
atestam que nossa vida melhorou
mentirosa e ilusoriamente e, de escravo do desconforto e ausência de tecnologia
no passado, viramos escravos do comércio e de sua agiotagem.
Das clínicas médicas, drogas, amplo
espectros de venenos, terminando tudo isto através do esgoto e dos lixões nos
rios, córregos e lençóis de água subterrâneos, voltando novamente às nossas
bocas através do consumo dessa água e vegetais tratados com ela.
Minha sugestão no início faz a vez do
absurdo. Não é absurdo jogar veneno em plantações que dias depois vão ser
consumidas e ninguém acha que isto seja nojento ou perigoso. Bebemos água (é
claro que foi tratada), mas proveniente da mistura de lixo de todo espectro,
incluindo urina e fezes e ninguém faz cara de nojo por isso! Porém, todo mundo
ficaria enojado, com ânsia de vômito e relações abaladas, se alguém
servisse num jantar, em um pinico uma salada, mesmo sabendo que o mesmo
foi higienizado depois do uso. Cinismo, contradição e um peso e duas medidas!
Na verdade, o ser humano, a sociedade
humana, está sentada em cima de falsos valores. Troca a verdade pela mentira, a
modéstia pelo orgulho, a admiração pela inveja, a honestidade pela
trapaça e tudo isso só vai piorando na medida em que nos alimentamos de lixo! A
química destruindo nosso sistema nervoso e psíquico vai criando monstros que
nos “governam”.
Arrogantemente chafurdarmos neste planeta
que nos suporta. Ficamos perfumados e desodorizados, tomamos banho (não sei
quantas vezes por dia) com produtos tecnológicos e de grife, egoisticamente
divulgados como sensação de pureza, perfeição e adequação ecológica, com nosso
conceito de beleza e estética transformado em religião (mais uma!), alimentada pela indústria da moda e mídia.
O ser humano limpinho. A terra: esgoto a céu aberto.
Não paramos para perceber que o trem
descarrilou. E o maior responsável por este estado de coisas é a indústria
de consumo, a mídia e a indústria de armamentos capitaneados pela suja
política. As nossas ações estão cada vez mais atrasadas em relação à
agressiva invasão de poluentes e degradação. O monstruoso rastro de
detritos e fedor deixado pela espécie humana não tem exceções. Não adianta
dizer: tenho consciência, faço o que posso, separo o lixo, não jogo nada na
rua, economizo isto ou aquilo. Há uma coisa da qual poucos se lembram.
Chama-se: SISTEMA. Você está inserido nele! Mesmo fazendo sua
parte, você participa do bem e do mal. Não escapa de sua parcela de culpa. A
isenção existe apenas na suposição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário