segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Símbolos modernos

Texto de Manfred Grellmann – Autodidata – Camaragibe/PE
publicado no HUMANITAS nº 8 – Março/2013 

Uma presença constante na sociedade humana são os símbolos ou logotipos. Com um olhar apenas se identifica um produto, marca, empresa, regulamento, grupo ou associação e até povos e raças. Mas há um aspecto da sociedade humana, a moderna, que ainda não foi simbolizada conforme seu caráter típico. Até pela importância, dado ao fato que é algo que toca e atinge o todo da espécie.  Trata-se da degradação  e decadência da espécie humana.
Uma sugestão típica seria representar, simbolizar este triste estado com uma ex e opulenta poltrona rasgada e atolada em um sujo e fedorento riacho, com um representante da espécie humana vestindo um smoking e cartola, nela sentado e sorridente, ladeando a mesma com fraldas descartáveis, caracterizado de forma pungente e clara. Este símbolo ou logomarca humana seria usado em qualquer lugar, sinalizado na mídia com os dizeres: eu, espécie humana, sou  um destruidor da minha própria casa! E, para apurar esta escolha em termos de comunicação, promover um concurso mundial e escolher a mais representativa imagem.
Se extraterrestres conseguirem entender nossos sinais, este símbolo deveria ser desenhado em uma planície visível do espaço, de forma semelhante às linhas de Nazca. Quem chegar, já saberia com que tipo de gente vai se defrontar. Lixo de meio ambiente, lixo de ser humano, lixo de comida, lixo de saúde, lixo de política, lixo de honestidade, enfim um planeta ocupado por lixo. E ainda continuamos discutindo mega projetos cada vez mais arrogantes com tecnologias mirabolantes e guerras de literal extermínio, apenas apertando botões. Hiper super ultra máximo ser humano!! A fina flor da criação universal com cara de pau, falando em deus! Habitante de um grão de pó do universo, se muito !! 
Consumir margarina por causa de uma paranoia chamada colesterol, trocar açúcar por adoçante artificial, refrigerantes, enlatados de toda sorte, o endeusamento da soja com seu poder de desclassificação, antinutrientes e hormônios, leite de vaca que dá sessenta ou mais litros por dia, coisa impensável para uma ruminante de séculos passados, fígado  recomendado  por médicos às gestantes, quando estão encharcados com níveis elevados de drogas, atestam que nossa vida melhorou mentirosa e ilusoriamente e, de escravo do desconforto e ausência de tecnologia no passado, viramos escravos do comércio e de sua agiotagem.
Das clínicas médicas, drogas, amplo espectros de venenos, terminando tudo isto através do esgoto e dos lixões nos rios, córregos e lençóis de água subterrâneos, voltando novamente às nossas bocas através do consumo dessa água e vegetais tratados com ela.
Minha sugestão no início faz a vez do absurdo. Não é absurdo jogar veneno em plantações que dias depois vão ser consumidas e ninguém acha que isto seja nojento ou perigoso. Bebemos água (é claro que foi tratada), mas proveniente da mistura de lixo de todo espectro, incluindo urina e fezes e ninguém faz cara de nojo por isso! Porém, todo mundo ficaria enojado, com ânsia de vômito e relações abaladas, se alguém servisse  num jantar, em um pinico uma salada, mesmo sabendo que o mesmo foi higienizado depois do uso. Cinismo, contradição e um peso e duas medidas!
Na verdade, o ser humano, a sociedade humana, está sentada em cima de falsos valores. Troca a verdade pela mentira, a modéstia pelo orgulho, a admiração pela  inveja, a honestidade pela trapaça e tudo isso só vai piorando na medida em que nos alimentamos de lixo! A química destruindo nosso sistema nervoso e psíquico vai criando monstros que nos “governam”.
Arrogantemente chafurdarmos neste planeta que nos suporta. Ficamos perfumados e desodorizados, tomamos banho (não sei quantas vezes por dia) com produtos tecnológicos e de grife, egoisticamente divulgados como sensação de pureza, perfeição e adequação ecológica, com nosso conceito de beleza e estética transformado em religião (mais uma!), alimentada pela indústria da moda e mídia. O ser humano limpinho. A terra: esgoto a céu aberto. 
Não paramos para perceber que o trem descarrilou. E o maior responsável por este estado de coisas é a indústria de consumo, a mídia e a indústria de armamentos capitaneados pela suja política. As nossas ações estão cada vez mais atrasadas em relação à agressiva  invasão de poluentes e degradação. O monstruoso rastro de detritos e fedor deixado pela espécie humana não tem exceções. Não adianta dizer: tenho consciência, faço o que posso, separo o lixo, não jogo nada na rua, economizo isto ou aquilo. Há uma coisa da qual poucos se lembram. Chama-se: SISTEMA. Você está inserido nele! Mesmo fazendo sua parte, você participa do bem e do mal. Não escapa de sua parcela de culpa. A isenção existe apenas na suposição.

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