Texto de Manfred
Grellmann - Autodidata - Camaragibe/PE
publicado no HUMANITAS
nº 04 – Novembro/2012
Ao falar da mulher os sentimentos se
aquietam para a admiração e contemplação. Ela é o início de tudo e a vida gira,
na verdade, em volta dela. Quantas músicas a envolvem e quantos dramas se
acirram por ela? Ela foi a origem de incontáveis conflitos e dramas, desde o
pobre e despossuído indivíduo, afundado em não correspondidos sentimentos
até uma nação inteira. Na mulher a natureza esbanjou todos os seus
caprichos, fazendo tantos se arrastarem em incontidas paixões, quantas
vezes, até à autodestruição. Com ela, o início. Sem ela, o fim.
O pequeno bebê ainda se desenvolvendo no
ventre da mãe se relaciona de uma forma tão íntima e total com ela, que o pai
apenas chega para ele no mesmo nível de presença como todos os outros ruídos ou
presenças externas. Só depois de nascido é que se inicia uma longa relação mais
completa e aprendida.
Mãe e filho são uma coisa só, que em certo
momento foi separada e cuja gestação construiu célula por célula numa “divisão
indivisível”. Um espermatozoide apenas liga o pai ao filho. A construção de
relacionamento de pai e filho só é construída muito depois da mãe.
Com toda essa importância e destaque,
poderíamos achar que sua força deveria se impor de uma forma natural e
decisiva. Pelo menos, o merecido respeito deveria ser a nota de destaque.
Mas isto não acontece. E aí estamos diante de um enorme paradoxo. A mulher, a
força geradora que encarna o princípio do universo, a geração que tanto
dá de si para continuidade da espécie, sofre abusos e crimes inauditos.
Por onde uma mulher passa arrasta em seu
encalço a sombra do perigo. Ela sempre é a caça. Ela sempre tem a presença
consciente do perigo. É desejada como ouro e poder. Modelo ideal de ostentação,
de conquista e despertar da inveja. Quantos homens imbecis não
renovaram sua autoestima ao desfilar com uma bela mulher?
O homem corteja a mulher com galanteios
para atraí-la para seus prazeres pessoais e poucas vezes com ganhos para ela,
isso quando não a transforma em sua escrava com promessas mentirosas
embasadas na arrogância do macho, este convencido de ser um esperto gerenciador
da alma feminina.
Apesar da inserção da mulher em atividades antes apenas
masculinas, ela continua sendo explorada e submetida ao desejo e machismo do
homem, expondo e escancarando seu corpo para deleite bestial. O
recato e a vergonha são aplainados pela mídia através de pseudos estudiosos
comportamentais, torcendo o senso cultural à custa da inversão total de valores
morais. De todos os tipos degradantes de tratamentos que uma mulher
sofre, o homem nunca é vítima. É autor!
Claro
que a situação social da mulher melhorou muito em relação ao passado, época que
fundamentou a máxima de que mulher era burra. O presente mostra o quanto eram burros os homens. Ambos os sexos tem
suas qualidades e seus defeitos e são aspectos indivisíveis da natureza, assim
como o claro e o escuro.
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