Trecho de um discurso do abolicionista pernambucano Joaquim
Nabuco
proferido na Praça de São José de Ribamar
Recife, 5 de novembro de 1884
Recife, 5 de novembro de 1884
Senhores,
a propriedade não tem somente direitos, tem também deveres, e o estado da
pobreza entre nós, a indifferença com que todos olham para a condição do povo,
não faz honra á propriedade, como não faz honra aos poderes do Estado. Eu,
pois, se for eleito, não separarei mais as duas questões - a da emancipação dos
escravos e a da democratização do solo. (longos applausos) Uma é o complemento
da outra. Acabar com a escravidão, não nos basta; é preciso destruir a obra da
escravidão. Comprehende-e que em paizes velhos, de população excessiva, a
miséria acompanhe a civilisação como a sua sombra, mas em paizes novos, onde a
terra não está senão nominalmente occupada, não é justo que um systema de leis
concebidas pelo monopolio da escravidão produza a miséria no seio da
abundancia, a paralyzação das fôrças deante de um mundo novo que só reclama
trabalho.
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