Texto de Valdeci Ferraz – Caruaru –
Pernambuco
publicado no HUMANITAS nº 01 – Setembro/2012
Não
concordo com a ideia dos mais velhos de dizer que “no
meu tempo era melhor”. Acho que cada época tem o seu encanto, como bem
disse Lia Luft. Não dá para comparar. Os jovens de hoje vivem o tempo de hoje.
Os mais idosos vivem o tempo de hoje acrescentado de uma experiência que os
mais novos não têm. Mas não podemos viver hoje querendo sentir a mesma emoção
que sentimos no passado.
Mas
podemos viver no presente a emoção do presente, atual, quentinha, fresca como a
brisa matinal. Dizer que o passado era melhor é tão inútil para o jovem quanto
dizer que o futuro lhe será brilhante. A noção que os jovens têm de passado e
futuro não é a mesma que os mais idosos têm.
No
passado não havia uma coisa chamada internet. As informações demoravam a
chegar, e chegavam deformadas, gerando realidades diferentes. Um grupo de
adolescentes que resolvesse formar um conjunto para tocar guitarras fazia isso
com a mera pretensão de tocar por amor à música, daí as linhas melódicas e
lindas das músicas dos Beatles, Rolling Stones, letras simples, temas comuns,
mas que conquistaram multidões pela beleza da harmonia musical.
No
campo da sensualidade Lia Luft assinala que hoje os mais jovens perderam a
inocência. Ela comentava o caso de uma adolescente que foi flagrada fazendo
sexo oral com três rapazes. Concordo em parte. Realmente, no passado, o pudor
tornava a coisa bem mais interessante. A tarefa de conquistar um coração
feminino era bem mais difícil, porém, por isso mesmo, muito mais excitante.
Levavam-se meses para se conseguir um beijo ou sair para um cinema com a
namorada.
Entretanto,
isso não quer dizer que os jovens de hoje estão perdidos, envelhecidos antes do
tempo, que não têm mais inocência. Naquele tempo, dizem os mais velhos, não
havia violência. A gente podia andar pelas ruas altas horas da madrugada sem
perigo nenhum. Então se podia namorar pelos muros, rolar coxas, tirar um sarro.
Dá para comparar com a época de hoje?
A
revolução sexual, a emancipação da mulher, a tecnologia, os direitos humanos
estão transformando a sociedade. As moças estão escolhendo parceiros para ser
geradores de seus filhos, sem implicação conjugal nenhuma. As vovós brotinhos
estão assumindo o papel das mães, enquanto estas vão para o trabalho competir
com os homens. Enfim, hoje o homem não é mais o caçador, o conquistador, o
machão soberano. Elas estão diferentes, independentes, e cientes do seu poder e
charme. Decididamente, acho que o tempo de hoje é que é melhor, principalmente
para mim que vivi o de ontem.
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