Poemas publicados na coluna REFÚGIO POÉTICO
do HUMANITAS nº 01 – Setembro/2012
A minha amada
Manuel
Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage
(1765-1805)
Se tu visses, Josino, a minha amada,
Havias de louvar o meu bom gosto;
Pois seu nevado, rubicundo rosto,
Às mais formosas não inveja nada:
Havias de louvar o meu bom gosto;
Pois seu nevado, rubicundo rosto,
Às mais formosas não inveja nada:
Na
sua boca Vênus faz morada:
Nos olhos Cupido as setas posto;
Nas mamas faz Lascívia o seu encosto,
Nela enfim tudo encanta, tudo agrada:
Nos olhos Cupido as setas posto;
Nas mamas faz Lascívia o seu encosto,
Nela enfim tudo encanta, tudo agrada:
Se
a Ásia visse coisa tão bonita
Talvez lhe levantasse algum pagode
A gente, que na foda se exercita!
Talvez lhe levantasse algum pagode
A gente, que na foda se exercita!
Beleza mais completa haver não pode:
Pois mesmo o cono seu, quando palpita,
Parece estar dizendo: "Fode, fode!"
Pois mesmo o cono seu, quando palpita,
Parece estar dizendo: "Fode, fode!"
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Requinte
Silvia Mota – Escritora
– Rio de Janeiro/RJ
Enrola teu pensamento
nos cabelos soltos
dos meus versos
e faça deles a crina
da tua montaria.
nos cabelos soltos
dos meus versos
e faça deles a crina
da tua montaria.
Chicoteia cada rima
escondida no silêncio
do meu canto
e rasga a blusa sensual
da minha poética.
escondida no silêncio
do meu canto
e rasga a blusa sensual
da minha poética.
Beija as verdades
ocultas
nos buracos guturais
do meu corpo
e morda cada palavra
das minhas mentiras.
nos buracos guturais
do meu corpo
e morda cada palavra
das minhas mentiras.
Encosta teus apelos
na parede nua e crua
da minha inspiração
e arromba as dobras nocivas
dos meus segredos.
na parede nua e crua
da minha inspiração
e arromba as dobras nocivas
dos meus segredos.
Uiva teus uivos todos
na animália exangue
do meu estro solto
e afoga os lumes incendidos
das minhas crepitações.
na animália exangue
do meu estro solto
e afoga os lumes incendidos
das minhas crepitações.
Afina a ponta do lápis
nas alamedas trôpegas
do meu sentir e, se errei,
reescreva meu poema livre
na cadência das estrelas.
nas alamedas trôpegas
do meu sentir e, se errei,
reescreva meu poema livre
na cadência das estrelas.
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Última canção
Rodrigo Rocha - Recife – Estudante
Vivendo um
grande amor
Sem pensar que isso
Um dia vai acabar
Mas seja eterno enquanto dure
Sem pensar que isso
Um dia vai acabar
Mas seja eterno enquanto dure
Isso pode ser
apenas o começo
De uma grande história de amor
Ou apenas a passagem
De uma brincadeira...
De uma grande história de amor
Ou apenas a passagem
De uma brincadeira...
Mas eu não
posso
Estar sem você
Eu não estou tentando jogar
Eu só quero ter
Estar sem você
Eu não estou tentando jogar
Eu só quero ter
Pois com você
eu perco o sono
E a tristeza vai embora
Com você me sinto bem
E eu sou todo seu
E a tristeza vai embora
Com você me sinto bem
E eu sou todo seu
Mesmo sendo
esta a última canção
E enquanto eles já foram
Você quer ficar aqui?
Nossa música ainda não tocou!
E enquanto eles já foram
Você quer ficar aqui?
Nossa música ainda não tocou!
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Sentir
saudade...
Perimar Moura -
Ilhéus (BA)
Estranho
essa coisa de saudade
Principalmente saudade de alguém
Aquela vontade de estar próximo
Ligar, escrever, conversar...
É como se quiséssemos preencher a vida dessa
pessoa
Da mesma forma que ela preenche a nossa
É egoísta, insensata, passional,
possessiva...
Deixa-nos inseguros, frágeis, expostos...
Causa dor, sofrimento, agonia...
Ou seja, é demasiadamente humana...
Mas também nos faz pensar...
Refletir em como e quanto alguém nos é
caro...
O tamanho da saudade traduz algo mais
Dimensiona a imensurável
Retrata o indispensável
Revela uma camuflada certeza
A de que só faz falta aquilo que nos
locupleta
Aquilo que nos pertence em desejo
O que nos remete à vontade de sermos
dominados
Fazendo permitirmo-nos
Reformulando-nos o substrato
Mudando a lógica do sentir
Sem saudade a vida seria um erro...
Não sentir saudades é a ausência de
desejos...
Sem saudade a vida seria morta!
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Colírios
perdidos
Karline da Costa Batista – Aracati/CE
Mesmo
na sombra de um beijo
Há luz!
Nascem lírios
neste refratário epidérmico que me reveste
Lírios de
luz.
Tragam-me os
cacos: é de mosaicos que se vive.
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Dama da noite
Rafael Rocha – Jornalista –
Recife
Digo a ti minha
velha prostituta:
A fazer minha conduta
Respeitar o teu valor.
Nessa história de vida à labuta
Vão chamar-te mais de puta
Quando tu só dás amor.
A fazer minha conduta
Respeitar o teu valor.
Nessa história de vida à labuta
Vão chamar-te mais de puta
Quando tu só dás amor.
Mulher, dona e
graça da história
Fode no verso e em glória
Cá no meu sonho fugaz.
Mulher a xeretar meus espaços
A vadiar nos meus braços
Quando eu não tinha paz.
Fode no verso e em glória
Cá no meu sonho fugaz.
Mulher a xeretar meus espaços
A vadiar nos meus braços
Quando eu não tinha paz.
Digo: és a vadia
mais arguta
Bela e linda prostituta
A marcar o meu amor.
Meu orgulho é ver-te toda puta
De braço dado e na luta
À madrugada onde eu vou.
Bela e linda prostituta
A marcar o meu amor.
Meu orgulho é ver-te toda puta
De braço dado e na luta
À madrugada onde eu vou.
Mulher, és rainha
e és glória
Tens meu nome na história
E por isso eu perco a paz.
Poesia a viver nesses meus braços
A voar nos meus espaços
E a pedir mais, mais e mais.
Tens meu nome na história
E por isso eu perco a paz.
Poesia a viver nesses meus braços
A voar nos meus espaços
E a pedir mais, mais e mais.
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Consulta
ao vento
Valdeci Ferraz - Advogado
Caruaru – Pernambuco
Ela segurou minha
mão e pediu um beijo
Não com os lábios, mas sim com o olhar
Adivinhara completamente o meu desejo
E aquele gesto fez a minha alma sonhar
Não com os lábios, mas sim com o olhar
Adivinhara completamente o meu desejo
E aquele gesto fez a minha alma sonhar
Desde então
como louco eu sempre vejo
A sua imagem flutuando em meu altar
Ora é deusa, ora é anjo, e logo almejo
Com tal volúpia o seu templo profanar
A sua imagem flutuando em meu altar
Ora é deusa, ora é anjo, e logo almejo
Com tal volúpia o seu templo profanar
Porém
prudente fui o vento consultar
Já que ele gira o mundo em um segundo
Da terra, do mar, é grande conhecedor
Já que ele gira o mundo em um segundo
Da terra, do mar, é grande conhecedor
E de sua voz
tonitruante pude escutar
Um conselho muito sábio e profundo:
Sede paciente, não brinque com o amor.
Um conselho muito sábio e profundo:
Sede paciente, não brinque com o amor.
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Amor furtivo
Antônio Carlos Gomes - Médico
Guarujá – SP
Toca Bach a vitrola embevecida
Baila a decoração despreocupada
Fica a gata muda, quieta, encolhida
Ouvindo a música, embalsamada.
Baila a decoração despreocupada
Fica a gata muda, quieta, encolhida
Ouvindo a música, embalsamada.
Leio meu livro e numa linha perdida
Fugindo ao estudo acompanho a fada
Que sai do piano e nos leva a vida
Secreta, que não pode ser contada.
Fugindo ao estudo acompanho a fada
Que sai do piano e nos leva a vida
Secreta, que não pode ser contada.
Nela existe amor que jamais hesita
Em dar tudo sem nunca exigir nada
Nela saem beijos em forma tão catita.
Em dar tudo sem nunca exigir nada
Nela saem beijos em forma tão catita.
É aí que você, comigo acasalada
Vive este reino da imortal melodia
Que constrói em nós sua escala d’harmonia
Vive este reino da imortal melodia
Que constrói em nós sua escala d’harmonia
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