sábado, 15 de fevereiro de 2014

Editorial do jornal Humanitas – Dezembro/2012

Aniversário capitalista


Em Dezembro é comum que as festas sejam inúmeras em todo o planeta Terra. E, sempre uma vez por ano, determinadas figuras aparecem aos nossos olhos para, sob a luz dos holofotes, dizer que amam, perdoam, são fraternas e ajudam ao próximo. Hipocrisia! Os amigos que por acaso temos e que diariamente estão a dar-nos bom-dia, boa-tarde, boa-noite e a desejar saúde na vida cotidiana, e a ser solidários conosco, esses é que jamais devem ser esquecidos.
Não será apenas em tempo de festas, de lantejoulas e de fogos de artifícios que homens e mulheres assegurarão fraternidade e amor uns a outros. Isso é tendência mercadológica inserida pelo capitalismo nas consciências mundanas para que pensem nisso apenas em um dia do ano. Isso é tendência mítica introduzida pelas religiões através de banais formatos nas mentes catequizadas à força da filosofia do medo e da adoração à morte para conquistar um paraíso inexistente.
Isso vem a lume aqui para recordar que o dia 25 de Dezembro foi uma data tirada das festas dos pagãos pelos líderes da igreja católica, que desejavam incrustar o cristianismo à sua maneira na mente popular. Assim foi adotado o dia de adoração ao Sol Invictus comemorado pelos romanos. Até a famosa árvore de natal é das festas pagãs, quando se enfeitavam as árvores na chegada do solstício de inverno. Que motivos nós temos para festejar o dia 25 de Dezembro? Será um bom motivo comemorar o domínio do poder do cristianismo sobre as outras crenças existentes no mundo?
Na realidade, 25 de Dezembro, denominado Dia de Natal, é simplesmente o dia da proclamação do capitalismo. Data criada e imposta. Essa data se originou da crença de outros povos que tinham muito mais motivos para comemorar o advento do sol, pois no solstício de inverno, no hemisfério norte, o astro era cultuado por trazer luz, calor, colheitas etc.
Por paradoxal que pareça, gente que odiou o próximo durante o ano inteiro começa a dar abraços, presentes, cartões de boas festas para esse mesmo próximo. Todos ficam cegos no centro do niilismo do mundo moderno, criando uma embalagem religiosa para a data e extrapolando pelo mundo a hipocrisia de si mesmos.
Quem ganha com isso é o capitalismo. Esta é, na realidade, a data de seu aniversário, que se estende até o final do ano e início de um novo. Sim, porque o capitalismo tem um enorme poder de adaptação. Até o comunismo foi adaptado por ele no interior de sua ideologia. Exemplo: uma camisa bordada com a figura de Che Guevara e vendida nas lojas capitalistas e até mesmo O Capital, escrito por Karl Marx são comprados utilizando um cartão de crédito na camisaria e na livraria.
O capitalismo incorporou em si todas as coisas que se podem vender e destruir no mundo, tais como o meio ambiente e as relações humanas, e, em particular, o sexo, a religião e as ideologias de esquerda. Assim, não será mentira propagar e salientar que 25 de Dezembro, dia considerado religioso, incorporado ao dogma do capitalismo é a data maior da exploração do homem pelo homem.

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